Fã in
fantil do primeiro testamento do conjunto de livros sagrados cristãos, vez ou outra me pego lendo a obra mais pastoral de todas em minha opinião, chamada
Eclesiastes. O capítulo 3 deste aporético livro contém uma seqüência de coisas difíceis de se entender, incluindo um eterno adágio: “tudo tem o seu tempo”. Não entendo o chorar, muito menos o rir. Mas lá está escrito que há tempo tanto para aquele como para este. É verdade! Hoje eu me vi no abismo dos dois verbos.
Ao fazer meu primeiro funeral como novel pastor, à tarde, li que há tempo de estar calado, bem como há tempo de falar. Obviamente, o silêncio foi a mensagem. Não queria dizer nada além de uma ausência de discurso. Espera-se, no entanto, que um ministro religioso use a sua língua nestas horas. Usei. Não mais que 5 minutos, sendo um de solene silêncio. Jamais esquecerei daquelas reticências. “Quando as respostas se transformam em perguntas, quando as certezas se transformam em incertezas, quando a alegria se transforma em tristeza, quando o riso se transforma em choro”...
À noite, porém, saboreava uma garfada de
strogonoff de carne em uma festa de aniversário de alguém da igreja. Falar era o mais importante. Futebol foi o assunto. Risadas aos montes. Reticente me senti apenas na hora de ir embora. Em boa hora!
Voltando para casa, agorinha, pelas ruas frias e vazias da Tijuca, lembrava-me daquilo que mamãe me disse quando criança: “chore com os que choram, alegre com os que se alegram”. Confesso: continuo sem compreender!
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