31.3.07

Hinduísmo

O hinduísmo não é considerado propriamente uma religião ou uma filosofia, mas uma antiga manifestação sócio-cultural e religiosa que resulta em uma diversidade de crenças e práticas, constituindo as tradições mais importantes do subcontinente indiano. De origem persa, a palavra hindu se refere ao povo e à cultura do rio Indus, a noroeste da Índia, daí passou-se a designar, por parte dos europeus, como hinduísmo toda variedade de manifestações religiosas indianas. Contudo, os indianos preferem denominar sua religião como ordem eterna — Sanatana Dharma.

Dessa forma, se levar em conta que sua origem provém de fato do Sanatana Dharma — verdades eternas, ou leis compreendidas e explicadas pelos sábios rishis ­—, provavelmente o hinduísmo é a religião viva mais antiga do mundo, remontando cerca de dez mil anos. No entanto, a configuração de um sistema religioso hindu se dá durante o segundo milênio a.C., com a influência das tribos nômades arianas. Por volta deste período, estas tribos trouxeram para o norte da Índia uma cultura e teologia que se integraram às crenças e tradições locais. Antes dos árias, a antiga cultura que habitava a Índia possivelmente cultuava uma espécie de proto-Shiva, o antigo deus An.

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29.3.07

Um metapoema

Tá cada dia mais difícil escrever...
Difícil o quê?
Difícil escrever.

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23.3.07

Receita de bolo

Reagir a qualquer discurso nem sempre é fácil. Os discursos são feitos de construções ideológicas. São sentidos prontos, feitos com materiais diferentes. Como se fossem bolos. É só colocar os ingredientes que combinam e, no final, descobre-se que tudo dá certo.

Há alguns dias atrás, foi usado pela sua santidade, o papa, um ingrediente, um tipo de farinha chamado “praga”. Ele o combinou com um fermento conhecido como segundo casamento. Resultado: um bolo foi feito, prontinho para ser comido por quem achar palatável. Saboreiem a la vonté: “trata-se de uma verdadeira praga do ambiente social contemporâneo”. Convenhamos, há gosto para tudo.

Vejam. Tem gente que gosta tanto que tenta inventar uma outra receita a partir de uma pronta. Quem diria? Rubem Alves, o herege protestante, concorda com o papa! Ele, no entanto, insere todos os outros tipos de fermentos, a saber, o primeiro, o segundo e o terceiro casamento “pertencem à ordem maldita, caída, praguejada, pós-paraíso”. Opa! Esse bolo é maior, porque tem mais fermento. Não faltarão pessoas para pegarem um pedaço para si, porque, convenhamos novamente, todos têm um gosto.

Vale lembrar, senhoras e senhores, que nossos tímpanos associam a farinha “praga” a maldição, calamidade, flagelo, catástrofe, coisa importuna e por aí vai. Portanto, permitam-me defender o uso desta palavra já que nestes casos acima está associada a casamento. Eu já tentei fazer um bolo sem fermento. É horrível! Bolo só é bolo com fermento. Então, coloquem-no na farinha recomendada pelos entendidos em cozinha. A marca melhor é “praga”. Por favor, não usem outra. Verão que fizeram um bolo do jeito que queriam os inventores da receita. A regra é simples: siga a receita e terá um bolo.

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17.3.07

A preservação do planeta

Não se pode ignorar o fato de que o grande pecado cometido pela humanidade, ao longo de sua história, tem sido preservar a presença maligna do arquétipo de conquista e dominação em relação ao seu próprio planeta. Causando imensos prejuízos à parceria entre criador e criatura, este pensamento impede as pessoas de entenderem que este é um processo suicida.

Infelizmente, com o sistema econômico vigente, o capitalismo, este processo tem sido chancelado em favor da cada vez mais alta produção de dinheiro em detrimento da vida, a característica mais inerente dos habitantes da Terra.

O dever de qualquer religião é zelar pelo bem-viver, mesmo que isso signifique enfrentar os poderes dominantes. Contudo, a igreja tem preferido apoiar os governos e sistemas predatórios a resistir contra as forças que corrompem o princípio de preservar a sua grande casa.

A situação se encontra de tal forma estabelecida que talvez a maior contribuição do ministério cristão fosse protestar contra esta filosofia desumana de governar em prol de um sistema econômico. Deve-se zelar pela atenção holística ao ser humano, não apenas monetária e espiritual, pois, somente assim, se poderá atingir uma mudança macro no sentido de melhorar a relação entre a humanidade e os outros sistemas vivos.

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8.3.07

Dia das Mulheres e do Bush

Acabei de chegar da Avenida Paulista, onde estive com o objetivo de realizar uma pesquisa de campo, ao observar o que as pessoas, sobretudo mulheres, estavam reivindicando na manifestação por ocasião do Dia Internacional da Mulher. Encontrei, no entanto, um ajuntamento de diversos movimentos unidos pelo grito “fora Bush!”. Como sabem, o presidente ianque teve a infeliz idéia de visitar uma das três maiores cidades do mundo em pleno dia de marcha.

Normalmente, em dias como esse, as mulheres brasileiras, seguindo a tradição dos históricos movimentos feministas ocorridos em todo o mundo nos últimos anos, vão às ruas dispostas a lutarem por melhores condições de vida. E precisamos ouvi-las! Pouca gente sabe, por exemplo, que as trabalhadoras são responsáveis por cerca de 70% da produção mundial, mas que recebem apenas 30% de todo capital. Esse dia nasceu não para ser o dia de dizer “parabéns” às pessoas do sexo feminino, mas para se unir à luta destas que sempre estiveram em desvantagem na história da humanidade.

Obviamente, a oportuna idéia de se unir com outros movimentos sociais em prol de um único grito não passou isenta das intenções de manifestantes radicais, os quais só ficarão satisfeitos quando se instaurar um bolchevismo brasileiro, com a implantação de uma ditadura do proletariado. Aliás, por trás de tudo isso, há sempre quem queira tirar proveito da situação. Sabemos que a avareza é um pecado inerentemente humano que impede qualquer utopia de se tornar realidade. Não foi à toa que os partidos políticos que sobrevivem de motins e greves estavam lá em peso, se unindo às mulheres aparentemente motivados por encontrarem mais um palanque expressivo.

O presidente dos EUA conseguiu o que queria: ser odiado ainda mais na América Latina. Aqui o povo tem o sangue quente e não suporta lembrar de que os governos daquele país, em sua maioria, sempre apoiou regimes ditadores que mancharam de sangue a história do continente. Além do que, convenhamos, as últimas ações desse cidadão condenam a ele mais do que ao Capeta — já tem gente o chamando de “Belzebush”. Então, aparecer na nação tupiniquim em um dia 8 de março é pedir para ser execrado.

Mesmo assim, todas as honras foram dadas ao Todo-Poderoso. As ruas foram fechadas e a hora do rush virou uma verdadeira hora do Bush. Os protetores da ordem não deixaram a desejar. A uma pequena ameaça de passar dos limites por parte dos que estavam ali motivados apenas pela bagunça, já se pôde ouvir tiros de borracha. Foi uma correria só. Tivemos de invadir um estabelecimento para não ser pisoteados. Êta polícia violenta essa nossa! Estava ávida por uma oportunidade de mostrar serviço diante do Big Boss.

A contradição corre solta nessas manifestações atuais. Vi alguns pobres, mas a maioria dos que estavam na avenida parecia ser de jovens de classe média movidos pelo oba-oba, ou seja, pelo mero divertimento de estar nas ruas com uma camisa vermelha de algum partido político, ou de uma faculdade de direito — USP, Mackenzie. Pasmem: os filhinhos-de-papai, que estudam em unviersidades de tradição centro-direitista, agora acham que está na moda se vestir de revolucionários. Pelo visto, o legado mais importante de Che Guevarra para o Brasil foi o seu rosto, que virou marca de roupa. Os verdadeiros pobres, que eram os mendigos deitados no chão da praça Osvaldo Cruz, não sabiam sequer do que estava acontecendo. Pedi, propositadamente, a opinião de uma senhora cujo semblante demonstrava que estava faminta, mas ela, bêbada e com um bebê no colo, se recusou, alegando não saber de nada.

Ora, vejam só! Quem roubou a cena do Dia das Mulheres foi o anticristo americano, quem não deixou o grito das camaradas ser o principal e quem parou São Paulo só para ele mandar o Lula impedir que os árabes brasileiros parem de mandar dinheiro para os terroristas. Agora vou lá ver o que os telejornais têm a dizer... Certamente, vão abrir alas para Ele passar.

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4.3.07

Agostinho e o sexo

O pensador africano Aurélio Agostinho (354-430) é o único escritor da igreja primitiva que revelou sua vida sexual através de sua obra autobiográfica denominada Confissões. Reconhecido como um livro clássico cristão, este escrito nos permite vislumbrar suas experiências com o sexo, vividas quando rapaz, e suas concepções da relação entre a sexualidade e a sociedade, formuladas já na sua meia-idade.

Disposto a abandonar a vida sexual ativa, Agostinho escreveu Confissões com o intuito de transmitir um sentimento contrastante entre suas necessidades sexuais e o seu anseio por relações límpidas e não problemáticas. Agostinho acreditava que sexo e sociedade eram opostos. Por isso, somente uma igreja verdadeira, composta de eleitos continentes, tornaria possível uma sociedade verdadeira, resultando numa harmonia de almas libertas da matéria. Nem mesmo a relação sexual praticada com o fim de gerar filhos era considerada como boa, visto que “colaborava com a impetuosa expansão do Reino das Trevas, em detrimento da pureza espiritual associada ao Reino da Luz”. Para o bispo de Hipona, os impulsos sexuais constituíam uma marca da fragilidade herdada pela humanidade no ato inicial de desobediência de Adão, pois estes escapavam ao controle da vontade humana.

Embora respondesse ao seu tempo e à sua própria realidade, as formulações de Agostinho notadamente influenciaram o legado sobre sexualidade deixado pela era medieval. O desejo sexual, reconhecido por ele como um incômodo problema, i.e. uma força destrutiva, ainda continua nos dias atuais sendo visto como nocivo a uma vida santa e pura.

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1.3.07

Nunca gostei de musical até que...

Assisti ao filme “O Fantasma da Ópera” em 2005 e fiquei tão impressionado que o coloquei na lista dos melhores filmes que meus olhos já viram. Baseado no romance do século 20 de Gaston Leroux, Le Fantôme de l'Opéra, este filme é uma adaptação que o diretor Joel Schumacher faz do bem sucedido musical de Andrew Lloyd Webber. Lançada em 2004, esta enorme produção se passa em 2 horas e 21 minutos, tendo recebido, em 2005, três indicações para o Oscar: arte, fotografia e música.

O filme conta a história de um desfigurado gênio da música, conhecido como O Fantasma (Gerard Butler), quem assombra e aterroriza a Casa de Ópera de Paris. Ele se apaixona pela desconhecida cantora Cristine (Emmy Rossum), uma amável garota de coral que secretamente tem aulas com o misterioso professor. Seu alvo é fazer dela uma nova estrela, mas, quando consegue esta proeza, ele a perde para Raoul (Patrick Wilson), um namorado de infância que, agora é o patrono da Casa de Ópera. O ciúme do Fantasma tem terríveis conseqüências nas quais o filme se desenrola.

Sinceramente, eu não era, e ainda não sou, muito fã de musicais, mas eu altamente recomendo “O Fantasma da Ópera”, porque é mais do que um mero musical, é uma grande produção que é excelente no que se propõe a ser. Como um musical, tem um grande espetáculo, que envolve quem está assistindo o filme, até mesmo aqueles que não apreciam o gênero. Como um drama, conta uma história com ótimas performances no elenco, criando uma verdadeira atmosfera de suspense. Vale a pena assistir! É a arte imitando a vida... Ou a vida imitando a arte?

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