Receita de bolo
Há alguns dias atrás, foi usado pela sua santidade, o papa, um ingrediente, um tipo de farinha chamado “praga”. Ele o combinou com um fermento conhecido como segundo casamento. Resultado: um bolo foi feito, prontinho para ser comido por quem achar palatável. Saboreiem a la vonté: “trata-se de uma verdadeira praga do ambiente social contemporâneo”. Convenhamos, há gosto para tudo.
Vejam. Tem gente que gosta tanto que tenta inventar uma outra receita a partir de uma pronta. Quem diria? Rubem Alves, o herege protestante, concorda com o papa! Ele, no entanto, insere todos os outros tipos de fermentos, a saber, o primeiro, o segundo e o terceiro casamento “pertencem à ordem maldita, caída, praguejada, pós-paraíso”. Opa! Esse bolo é maior, porque tem mais fermento. Não faltarão pessoas para pegarem um pedaço para si, porque, convenhamos novamente, todos têm um gosto.
Vale lembrar, senhoras e senhores, que nossos tímpanos associam a farinha “praga” a maldição, calamidade, flagelo, catástrofe, coisa importuna e por aí vai. Portanto, permitam-me defender o uso desta palavra já que nestes casos acima está associada a casamento. Eu já tentei fazer um bolo sem fermento. É horrível! Bolo só é bolo com fermento. Então, coloquem-no na farinha recomendada pelos entendidos em cozinha. A marca melhor é “praga”. Por favor, não usem outra. Verão que fizeram um bolo do jeito que queriam os inventores da receita. A regra é simples: siga a receita e terá um bolo.
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Lindo!!!
Que bolo delicioso!!!
Vou tentar confeciona-lo todos os dias!!!
Beijinhos do coração!!!
:)