27.8.08

Jesus e a crise máscula

Minha professora de Teologia Feminista dizia que a busca teológica pelo Jesus histórico sempre revelava alguma crise pela qual os homens passam, tanto que não há teóloga preocupada com isso. Deve haver algum pingo de verdade nesta afirmação. Afinal, estou há mais de seis meses lendo um pequeno livro sobre a vida daquele homem de Nazaré e não quero nem pensar na possibilidade de terminá-lo.

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20.8.08

Sobre o choro

Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. (Sl 126,5)


Plantar com lágrimas e colher com alegria. Eis o segredo da vida. Desconfio que o choro faça parte do conjunto das mais elementares necessidades humanas. No entanto, se estamos chorando hoje, é provável que cantaremos amanhã. As nossas lágrimas devem estar regando as sementes de alegria que darão muitos frutos.

Para quem acha que a vida é só sucesso, é só vitória, é só vencer, é só conquistar, digo o óbvio: viver é também chorar. Quero dizer, olhar para trás, aprender com o passado, por mais difícil que este seja. Só assim podemos caminhar.

Aliás, caminhar não é sair de um lugar para outro lugar? Dar um passo para frente e deixar outro passo para trás?

O meu desejo é colher alegria como colhia jambo lá no interior de Minas. Jambo só é bom maduro. Vale a pena esperar. Quando a frutinha amadurece, pode subir no pé e se deliciar. Sem espera esse prazer é impossível.

A Bíblia não promete prosperidade, mas alegria. Não alegria que nos faça esquecer as dificuldades, mas uma alegria madura, por causa do passado, das lembranças dos momentos difíceis, uma alegria talvez plantada com choro e lágrimas.

Não é muito dizer que homem chora também, assim como colhe jambo.

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15.8.08

No princípio

Se as pessoas levassem a sério a idéia de que a Bíblia é a Palavra de Deus, não precisariam mais que Gn 1,1.

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8.8.08

Pequim versus fale o que quiser?

No Brasil, vivemos o free speech boom. Há espaço para dizer o que se bem entender. Jornais impressos existem aos mil. (Quem quiser abrir um, fique à vontade!) As emissoras de TV também descobriram que dar voz ao povo pode dobrar o faturamento, pois significa ibope. Sem contar isso aqui denominado internet, onde qualquer um pode ter um lugar virtual — blog ou perfil em sites de relacionamentos, por exemplo — para publicar o que der na teia.

Dizem que na China não é possível falar o que quiser. A imprensa é controlada e a web censurada. Eu nunca fui lá para saber. Mas não gosto dessa propaganda ocidental de que os chineses são um bando de bois em direção ao matadouro montado por um governo tirano. E que eles estão pior que nós por não poderem expressar suas idéias.

A terra de Confúcio peca sim por não permitir que o cidadão se sinta livre em sua expressão, porém não suporto a pretensão típica do ocidente de achar que os nossos métodos são os melhores, e, por conseguinte, dignos de serem exportados para os quatro cantos do planeta.

Somos tão defeituosos quanto. E ai daquele que diga algo que nos desagrade! Entre os brasileiros, acostumamos a ouvir a pior de todas as censuras: “Você sabe com quem está falando?” Quando a liberdade é castrada aqui, ela atinge a alma. Porque o sujeito sabe que sua condição social o impede de se sentir livre de maneira plena. (Na igreja, já me alertavam quando criança: “Cuidado boquinha o que fala!”)

Sou contra qualquer tipo de censura, seja aquela produzida de modo descarado em Pequim, seja esta nossa velada no comportamento social tupiniquim. Medalha de latão para ambas! Censura? Nem aqui nem na China! Liberdade já!

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4.8.08

O jovem está na igreja. E daí?

O Instituto Datafolha divulgou semana passada uma pesquisa sobre os jovens brasileiros com idade entre 16 e 25 anos. Um dado chama a atenção: 39% dos entrevistados declararam participar de movimentos ligados a alguma igreja. Além do mais, oito em cada dez jovens consideram a religião como importante ou muito importante. Ou seja, a fé é um dos principais pilares éticos da juventude no Brasil de hoje.

O que temos feito para que tantos rapazes e moças estejam se lembrando de seu Criador nos dias da sua mocidade? A resposta é simples: Deus está em alta. Somente 1% se assume como ateu. Nota-se também um completo desinteresse da moçada por outras organizações, como partidos políticos, sindicatos ou entidades estudantis.

É preocupante, no entanto, que se esteja perdendo o fervor de se fazer alguma coisa em prol da transformação social. Afinal, trabalhos voluntários ou comunitários interessam a apenas 24% dos jovens entrevistados, assim como organizações não-governamentais (ONG’s), que correspondem a apenas 6% da preferência de quem opinou.

O fato de o jovem estar na igreja deveria significar um novo tempo em prol de uma sociedade mais justa. Foi assim com Jesus. Aos doze anos, ele estava no templo, crescendo “em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens”. (Lc 2,52) Mas sua vida mudou quando ele leu o seguinte versículo do profeta Isaías: “O Espírito Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor.” (Lc 4,18-19) O jovem Jesus, daí em diante, iniciou seu ministério entre pobres, cativos, cegos e oprimidos, levando-lhes esperança.

Bom seria se todo jovem pudesse dizer como Jesus que o Espírito do Senhor está sobre ele para fazer tudo o que o Mestre fez. Imaginem se as igrejas estivessem repletas de adolescentes e jovens querendo sair por aí para mudar o mundo, não como jovens que “se cansam e se fatigam”, mas como “os que esperam no Senhor”, que “renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam”. (Is 40,30-31)

É difícil sonhar olhando para trás!

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