Tem algo podre no estado do Brasil
Não! Esta não é uma comparação entre o nosso país e a Dinamarca, o país usado por William Shakespeare como cenário de sua mais famosa peça A Tragédia de Hamlet. Mas estas são algumas impressões pessoais sobre a atual cena política brasileira.
Não falo de partidos, mas da mídia. Aliás, não é novidade para ninguém que a televisão e os jornais desempenham um papel de protagonista na trama eleitoral do país. E o fazem com a “fantasia” da neutralidade, apodrecendo nossa democracia com a tirania da “opinião pública”.
Só que não há neutralidade em tal processo de comunicar notícias sobre política. Se um jornalista mencionar um prefeito, um governador ou um presidente em sua matéria, ele usará diferentes tipos de verbos que revelam seu nível de controle da informação.
Por exemplo, verbos como “exclamar”, “responder” e “solicitar” marcam um discurso direto, o que, em um primeiro momento, significa que o texto está mais próximo do original. No entanto, outros tipos de verbo como “descrever”, “discutir” e “falar” já carregam uma distância em relação àquilo que se disse. Sem mencionar uma série de verbos como “reinvindicar”, “negar”, “insinuar”, “propor” e “manter”, através dos quais se expressa um discurso indireto, com o controle de parte da notícia sobre um fato.
Em ano eleitoral, minha pergunta é: sou capaz de ser autônomo em minhas escolhas? Ou sou apenas manipulado pelo humor da mídia? Será que tem alguém brincando com minha opinião?
Não podemos esquecer que, em última instância, somos livres para decidir sobre o que queremos em uma sociedade democrática. Apesar de serem bons recursos para nos ajudar nessa tarefa, os meios de comunicação não podem ser vistos como neutros. Se eles também são livres para comunicar um fato (daí a chamada “liberdade de imprensa”), tal neutralidade só pode ser vista como um mito.
Voltando a Hamlet, podemos lembrar de Polonius, o mui político personagem drama. Ele fica desconcertado com a resposta de Hamlet à sua pergunta “O que você lê?”. Como se sabe, a razão para tal pergunta é a suposta loucura de Hamlet. Diferentemente de suas expectativas, o príncipe da Dinamarca não estava louco. Pelo contrário, pelo menos na política, ele se mostra até mais atento do que nós. Afinal, sua resposta à pergunta de Polonius é simplesmente: “Palavras, palavras, palavras”.
Não falo de partidos, mas da mídia. Aliás, não é novidade para ninguém que a televisão e os jornais desempenham um papel de protagonista na trama eleitoral do país. E o fazem com a “fantasia” da neutralidade, apodrecendo nossa democracia com a tirania da “opinião pública”.
Só que não há neutralidade em tal processo de comunicar notícias sobre política. Se um jornalista mencionar um prefeito, um governador ou um presidente em sua matéria, ele usará diferentes tipos de verbos que revelam seu nível de controle da informação.
Por exemplo, verbos como “exclamar”, “responder” e “solicitar” marcam um discurso direto, o que, em um primeiro momento, significa que o texto está mais próximo do original. No entanto, outros tipos de verbo como “descrever”, “discutir” e “falar” já carregam uma distância em relação àquilo que se disse. Sem mencionar uma série de verbos como “reinvindicar”, “negar”, “insinuar”, “propor” e “manter”, através dos quais se expressa um discurso indireto, com o controle de parte da notícia sobre um fato.
Em ano eleitoral, minha pergunta é: sou capaz de ser autônomo em minhas escolhas? Ou sou apenas manipulado pelo humor da mídia? Será que tem alguém brincando com minha opinião?
Não podemos esquecer que, em última instância, somos livres para decidir sobre o que queremos em uma sociedade democrática. Apesar de serem bons recursos para nos ajudar nessa tarefa, os meios de comunicação não podem ser vistos como neutros. Se eles também são livres para comunicar um fato (daí a chamada “liberdade de imprensa”), tal neutralidade só pode ser vista como um mito.
Voltando a Hamlet, podemos lembrar de Polonius, o mui político personagem drama. Ele fica desconcertado com a resposta de Hamlet à sua pergunta “O que você lê?”. Como se sabe, a razão para tal pergunta é a suposta loucura de Hamlet. Diferentemente de suas expectativas, o príncipe da Dinamarca não estava louco. Pelo contrário, pelo menos na política, ele se mostra até mais atento do que nós. Afinal, sua resposta à pergunta de Polonius é simplesmente: “Palavras, palavras, palavras”.
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