O movimento nascente de cristãos vivia em dois tempos. Enxergava um tempo favorável, o
kairós, o tempo de refrigério, aqui e agora, no tempo de restauração, no
chronos. Queria fazer alguma coisa para mudar sua situação para melhor, para algo utópico, desencadeando práticas concretas e transformadoras na sociedade. O absurdo de dizer que o tempo oportuno kairótico, isto é, o tempo da plenitude de sentido, poderia ser vivido no tempo presente, no tempo cronológico, repleto de contradições humanas, fez com que os cristãos agissem no hoje como se o amanhã da humanidade deles dependesse.
Aqueles homens e aquelas mulheres acreditavam que estavam antecipando o Reino de Deus. Promoviam tempos de refrigério (
ainda não) dentro dos tempos de restauração (
já). Sua mensagem contemplava as promessas para o futuro e para o presente, vivendo a dialética do Reino de Deus. Eles e elas levavam, pois, esperança na desesperança, antecipando a chegada de dias melhores, ainda que seus dias fossem dos piores.
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Caro Amigo,
Assistia Domingo a um documentário exibido pela TV Cultura no DOCTV: "Raiumunda, a quebradeira". Contava a situação das quebradeiras de côco babaçu do Tocantins e o movimento de organização sindical liderado por Dona Raimunda, uma quebradeira que ganhou notoriedade nacional e internacional. Em paralelo, o documentário narra a história do Padre Josimo, amigo de Raimunda, ligado à Teologia da Libertação e assassinado em maio de 1986, quando se dirigia a Comissão da Pastoral da Terra em Imperatriz (MA). Josimo militava denunciando o latifúndio e organizando os trabalhadores.
Era um homem, como poucos, efetivamente comprometido em antecipar o Reino de Deus, o ainda não. Que venham outras e outros, Raimundas e Josimos.
Abração.