Sensação de verdade
Afinal, a tradição racionalista prioriza a razão (“logos”) em detrimento da paixão (“pathos”). Não é por acaso que, volta e meia, vem à baila o velho hábito de manter o controle através da razão. Já se esqueceu, infelizmente, que o próprio movimento filosófico que enfatizava a explicação racional da vida recebeu apelidos metafóricos bastante distantes de uma racionalidade insensível, como “Luzes” e “Ilustração”. Ambas expressões guardam em seu sentido, momentos memoráveis de quando a humanidade vivia a aurora de um novo tempo, onde o passado foi reconhecido como “Trevas” diante do lúmen de novas experiências, que embora nascidas no crepúsculo dos séculos escuros, davam a sensação da iminência de uma nova era. A luz era o sol que dispersava a neblina da ignorância. Pura sensação de verdade! Rejeitaram o “a priori” do establishment em prol do sentimento de viver diferentemente. Apostaram na sensação. Afinal, a razão foi, antes de tudo, uma alienação, uma ilustração, uma luz, um sentimento. Era, pois, um “a posteriori”, não um “a priori”. Já nasceu com uma intenção: desejar um requiescat in pace para o velho mundo, o velho sentimento. A velha sensação de verdade.
Ontem, hoje e sempre. Tudo foi, tudo é, tudo será sensação.
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Razão e sentir devem na medida do posível andar de mãos dadas.