18.10.07

Osso catártico

Mal chego em casa, lembro de domingo, quando conversava com o senhor Geraldo. Homem de mais de oito dezenas de anos, ele foi um dos 200 mil torcedores cujo grito fora silenciado no Maracanã na decisão da Copa do Mundo de 1950. Lá, como se sabe, o Brasil amargou uma das piores derrotas de sua história, perdendo em casa por 2 a 1 de seu vizinho Uruguai. Esse osso na garganta incomoda até hoje.

Incomodava. Agorinha mesmo ele foi arrancado, pelo menos da minha. A seleção verde-e-amarelo não deixou os mais de 80 mil exaltados brasileiros, balançando as bandeirinhas de plástico à toa. Verdade seja dita: estava todo mundo com medo de voltar para casa arrependido de ter pagado ingresso para manter o tal do histórico osso futebolístico goela adentro. Ainda bem que não foi assim.

As famigeradas vaias que Lula ouviu no mesmo lugar do jogo foram convertidas em aplausos para os cinco gols marcados pelos arrancadores de osso mais famosos e bem pagos do mundo. O Equador foi a vítima mais disposta a estragar a catarse do já arquetípico osso. Pressionou o tempo todo. Só parou quando se viu no ridículo de ouvir “olé” cada vez que os jogadores brasileiros tocavam a bola. Afinal, o osso tinha de ser jogado em alguma garganta, que, não fosse na uruguaia numa final de Copa do Mundo, pelo menos seria na primeira que se candidatasse a engoli-lo. O goleiro, coitado, ficou até com a dívida de levar do Maracanã, que já foi o maior estádio do mundo, não apenas um osso de lembrança, mas também um frango.

Mas, vocês me dão licença, porque minha garganta precisa descansar depois de agüentar tanto tempo um osso que ora se torna catártico.

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8 Comentário(s):

  • At 18 de outubro de 2007 às 15:28, Blogger Mentoria Espiritual said…

    Prezado Felipe,
    Sabe que eu não tinha pensado nisso. Tratar o texto da carta da terra como as 95 teses que Lutero afixou na porta da Igreja do Castelo. Você acha que precisamos de uma reforma teológica com foco não mais na eclesiologia, mas sim no meio-ambiente?
    Gostei dessa.
    P.S. Vou comentar o seu texto em outro post

     
  • At 18 de outubro de 2007 às 19:42, Blogger Alysson Amorim said…

    Um alívio, não?!

    Mas não se esqueça que este osso tornou-se catártico já no início da década de 90; o Romário humilhando os uruguaios no Maracanã e classificando o Brasil para a Copa do Mundo que ele, Romário, genial, venceu praticamente sozinho.

    Abração meu Amigo.

     
  • At 19 de outubro de 2007 às 11:40, Anonymous Anônimo said…

    Felipe,



    teus comentários deixam meu blog mais bonito!



    Abraços, flores, estrelas..

     
  • At 20 de outubro de 2007 às 15:53, Blogger david santos said…

    Amigo, quer praticar o bem?
    Pois se quer, faça algo junto das autoridades brasileiras para resolverem o caso da nossa Cláudia.
    Parabéns.

     
  • At 21 de outubro de 2007 às 11:37, Blogger DE-PROPOSITO said…

    Futebol?!... Afinal de contas para um ganhar, o outro tem de perder. Não há outra hipótese. Quanto a mim todos os jogos deviam ficar empatados.
    Saudações.
    Manuel

     
  • At 21 de outubro de 2007 às 16:40, Blogger Pablo Ramada said…

    Eu nem gosto de carne com osso....

     
  • At 21 de outubro de 2007 às 17:23, Blogger Elsa Sequeira said…

    Felipinho!!

    Como eu gosto de te ler...coração lindooo!

    Quando puderes passa lá em casa...hoje dia mundial das missões, tenho lás dois testemunhos de amigos missiona´rios!!

    Beijinhos!!!

     
  • At 21 de outubro de 2007 às 18:25, Blogger Marlene Maravilha said…

    Querido amigo, nao imaginas o que é ser mae de goleiro!! coitada da mae deste equatoriano!
    Eu sou mae de um deles, e sempre fui uma grande torcedora atrás das traves!
    beijo enorme e uma linda semana. Te aguardo em Brincadeiras a parte!

     

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