27.4.07

Teologia acrobática

A praia de Botafogo hospedou, no último fim de semana, a segunda etapa do Circuito Mundial de Aviões, realizado pela primeira vez na América Latina. O evento consistiu de um show de acrobacias feitas por pilotos experientes. Ganhou quem foi mais rápido, realizando o percurso da maneira mais perfeita possível, sem esbarrar em algum obstáculo. Estar lá, assistindo entre um milhão de pessoas, levou-me a descobri o método da teologia.

Sempre foi vocação dos teólogos voarem. Aliás, este é quase um princípio para quem se aventura a fazer teologia: voe o mais alto que puder. Contudo, o vôo depende muito do piloto. Não adianta ficar fazendo acrobacias sem seguir um percurso pré-definido. Há muitos obstáculos pelo caminho, nos quais se pode encostar ou não. Se encostar, considere-se longe de ser um grande teólogo, no sentido clássico da palavra. Afinal, teologia que se preze precisa voar perfeitamente bem, sem atingir os obstáculos, até chegar à mais bela das acrobacias. Ter a infelicidade de tocar em um dos chamados pilões é motivo para se considerar um teólogo fracassado. Piloto que é piloto sabe bem controlar seus movimentos, aquele que não o faz precisa de mais treino, ou está na profissão errada.

Todavia, o problema da teologia é justamente esse: se pretender perfeita sem ser perfeita. As asas dos nossos aviões são frágeis. Nem os melhores pilotos podem garantir o sucesso contínuo a cada etapa. Por isso, é impossível viver de acrobacias sem a noção de perigo. O teólogo vive dessa consciência mais que necessária, pois sabe que a qualquer momento pode cair lá de cima.

A teologia é, portanto, acrobática, porque faz, com muito treino, manobras que podem ser perfeitas ou não. Quanto mais rápida, perfeita e inerrante for, mais próxima estará dos aplausos. Quanto mais se esbarrar nos obstáculos, mais próxima estará da sua natureza inerente, o risco de cair.

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7 Comentário(s):

  • At 28 de abril de 2007 às 14:09, Blogger DE-PROPOSITO said…

    Não creio que teologia tenha a ver com acobracia aérea.
    Teologia é dirigida à mente das pessoas.
    Acobracia aérea é dirigida ao prazer visual.
    Fica bem.
    Um abraço.
    Manuel

     
  • At 28 de abril de 2007 às 19:46, Blogger Janete Cardoso said…

    Oi, Felipe!
    Adorei a comparação!
    Pra ser exemplo a ser seguido, é necessário ser irrepreensível, principalmente se levar em conta, que uma queda, sacrificaria não apenas o "piloto", mas à todos os que confiam nele.
    Abração, amigo!

     
  • At 29 de abril de 2007 às 19:07, Anonymous Anônimo said…

    Felipe,


    A "teologia é acrobática".

    Gostei.

    Aliás, o texto está ótimo!

    Abraços, flores, estrelas..

     
  • At 30 de abril de 2007 às 09:35, Blogger Alysson Amorim said…

    Amigo,

    Pude ver pela televisão (já que não tenho a sorte de ser filho, sequer adotado, da Cidade Maravilhosa). Um verdadeiro espetáculo!

    Aquilo tem mesmo muita relação com a teologia.

    A ousadia e o risco, inerentes àquelas manobras, são também elementos necessários a qualquer construção teológica.

    A tarefa de conhecer Deus exige a coragem de um daqueles pilotos acrobáticos, ao mesmo tempo em que nos coloca no risco permanente do erro.

    Interessante!

    Abs.

    Excelente semana!

     
  • At 30 de abril de 2007 às 21:24, Blogger Felipe Fanuel said…

    Entendo teu ponto, Manuel. Mas aqui eu quis ressaltar uma característica metafórica, não literal.

    Obrigado pelo comentário!


    Oi, Janete!
    A queda é sempre fatal, porém às vezes a gente precisa assumir que cair é coisa humana, demasiadamente humana.

    Beijos!


    Caro Edson,
    Obrigado pela apreciação do texto. É sempre bom vê-lo aqui. Eu tb não saio lá do MUDE. (rsrsrs)

    Fique na paz.


    Alysson, amigão,
    Fizeste um comentário que mostra o quanto você é capaz de perceber estas coisas. Não canso de dizer que você tem vocação para, pelo menos, ser teólogo. (hahaha)

    Ótima semana pra vc tb!

     
  • At 30 de abril de 2007 às 21:57, Blogger Alysson Amorim said…

    Bondade sua Felipe.

    Acho que não tenho vocação para tantas manobras. Meu lugar aqui, no solo.

    Abração! Bom feriado.

     
  • At 10 de maio de 2007 às 17:17, Blogger Felipe Fanuel said…

    Alysson
    Vc é "o cara", rapaz!

     

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