República dos Guaranis
Conta-se que antes dos ibéricos chegarem nestas supostas terras de ninguém do cone sul, existia, do Paraná ao Paraguai, uma civilização muito avançada de índios guaranis. Lá já estava estabelecida a primeira república de todo o continente. Sua religião pregava que um dia alguém, o qual eles deveriam seguir, chegaria às suas terras com uma cruz. Acredita-se que essa orientação tenha vindo do apóstolo Tomé no início da era cristã.
Com a chegada dos padres jesuítas, os povos indígenas ganharam força e prestígio por causa de sua cultura, sobretudo as artes, que não deixavam a desejar em comparação com os artistas medievais.
Embora inicialmente fossem aliados dos espanhóis, havia muito cisma quanto a uma possível independência guarani. Deflagrada uma guerra de Portugal e Espanha contra a jovem república, que insistia no lema Co yvy oguereco yara — “Esta terra tem dono” —, foi destruída toda a história deste bravo povo, considerado um dos mais cultos das Américas.
As ruínas guaranis guardam as marcas de uma violência contra os índios que jamais deveria ser esquecida pelos povos sul-americanos, em cuja descendência ainda se conserva este sangue nativo. Este monumento é reconhecido pela Unesco como uma das quatro rotas turísticas culturais mais importantes do mundo.
Infelizmente, os indígenas se tornaram patrimônio histórico da humanidade apenas quando foram exterminados, um pouco tarde demais. O massacre ibérico à República dos Guaranis deveria ser motivo para brasileiros, argentinos, paraguaios e uruguaios mantermos acesa a memória dos guaranis, os quais sonharam com uma terra onde o povo fosse soberano, ideal próprio de uma república, muito diferente das tirânicas monarquias européias.
Felipe,
Aprecio histórias de resistência, ainda que tenham culminado em uma suposta derrota.
É inegável a riqueza do patrimônio cultural dos povos americanos (não pré-colombianos como quer a história oficial, história dos supostos vencedores). Uma riqueza devastada pela pela cruz e pela espada (ou mais exatamente, pela cruz e pela pólvora) que ainda assim, em ruínas, insiste em ser riqueza.
Pena que ganância humana adia o reconhecimento de muitas coisas. Obrigado por nos lembrar desta nossa fraqueza (antes humana que européia).
Abs.