Para falar de limites
Não é de hoje que surgem críticas quanto aos limites da ciência. A literatura já nos ajudou a perceber até que ponto o trabalho científico pode chegar. Alguma vez na sua vida você certamente já ouviu falar de Frankenstein. Este é o nome da primeira obra de ficção científica da história. Isso mesmo. O romance Frankenstein, da autora britânica Mary Wollstonecraft Shelley, pode ser lido como uma crítica à tirania da razão em detrimento da imaginação e do sentimento.
Fala-se isso pensando no protagonista da trama, o cientista Victor Frankenstein — este é o nome de um cientista e não de um monstro, como erroneamente se difunde em filmes e desenhos animados. Na verdade, Victor Frankenstein é um burguês criado no berço do pensamento iluminista. Como estudante de química, ele uniu o mistério medieval e a ciência contemporânea para construir e dar vida a uma criatura, que supostamente seria um modelo ideal de um ser humano. Esta criatura acabou tendo uma aparência tão monstruosa que apavorava todos os que a viam, inclusive o seu criador. Victor Frankenstein pode ser visto como um exemplo de cientista que se vê limitado, pois mesmo que tenha atingido o ponto máximo de seus experimentos, conseguindo dar vida a uma criatura feita de pedaços de cadáveres, ele se assusta com aquilo que criou. Rejeita a criatura e tenta fugir de uma situação que ele próprio iniciou. Qualquer cientista pode vir a enfrentar uma situação-limite semelhante a esta enfrentada pelo doutor Frankenstein.
Afinal, o trabalho científico age de modo parecido com a atitude de Prometeu, que segundo a mitologia grega, se deu mal ao tentar surrupiar o fogo dos deuses. Aliás, o título original da obra de Mary Shelley diz exatamente “Frankenstein ou, o moderno Prometeu”. Ou seja, há relação entre o cientista Victor Frankenstein e a figura mítica grega. O que há de comum entre eles? Os limites.
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Limites: difíceis de definir, mais difíceis de se aceitar!