16.10.09

Do fogo

Sou levado a acreditar que, em nossa jornada de vida, o lugar do encontro com o divino é sempre marcado com um fogo. Digo: um fogo que é aceso, um fogo que queima, e um fogo que consome.

Acho interessante que antigos filósofos gregos gostassem de refletir sobre os elementos básicos que compõem a natureza. Terra, água, ar e fogo seriam as raízes de tudo o que existe. Logo, estes elementos básicos seriam inalteráveis por serem independentes. Terra, água, ar e fogo se combinariam para trazer vida e se separariam no momento da morte de qualquer ser vivo.

Dialogando com essa ideia, suponho que o fogo que há em Deus comunica com o fogo que há em nós. Trata-se, no entanto, de um encontro violento. Um encontro selvagem. Todos nós sabemos que com fogo não se brinca. O fim do fogo é sempre trágico: sobe com brilho e cai em cinzas. Tudo vira pó, tudo vira terra. A água se estala no fogo. O ar vira fumaça. Nada pode contra as chamas.

Só que uma hora o fogo se vai. Em algum momento chegará o benfazejo alívio. Afinal, se de um lado temos nossas limitações, nossa contingência, nossas queixas; de outro lado, temos algo que insiste em querer superar esse sentimento ruim de separação, reunindo-nos de volta à Fonte do nosso ser.


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