Teologias de vanguarda
Este foi o caso do professor do curso de Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Luiz Felipe Pondé, que através de uma infeliz opinião em sua coluna semanal no jornal Folha de S. Paulo (acesse via Pavablog), fez jus à pecha de conservador, ao não apenas detratar com ironia as tendências de vanguarda dentro da teologia, mas também fazer um julgamento precipitado a respeito do assunto que considera uma questão de mero gosto pessoal. Leia o que ele diz:
A teologia feminista diz que ‘a Deusa’ existe para punir o patriarcalismo. A teologia bicha (Queer Theology) se pergunta: por que Jesus viveu entre rapazes, hein? Alguns latino-americanos vêem Nele um primeiro Che, hippies viam um primeiro Lennon, outros, um consultor de sucesso financeiro. Ufólogos espíritas dizem ser Ele um extraterrestre carinhoso. Prefiro o cristianismo antigo. (...) O Cristo antigo é um clássico. Melhor do que essas invenções da indústria teológica de vanguarda, feitas para o consumo moderno.
É possível que ao criticar os movimentos inovadores dentro da teologia, caricaturados por ele como “invenções da indústria teológica de vanguarda”, Pondé caia no mesmo conservadorismo da Inquisição, que em nome da fé correta, perseguia quem pensava diferente a respeito dos dogmas. Pondé julga as outras teologias a partir de um paradigma teológico que para ele deve ser o correto.
Acredito que as pessoas tenham o direito de enxergar a religião conforme aquilo que faça sentido para as suas vidas, sem serem julgadas por isso, mesmo que estejam distantes da teologia clássica. Afinal, esta liberdade de pensamento em assunto religioso é assegurada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, no seu artigo XVIII:
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular.
Pondé, meu caro, leio suas idéias toda segunda-feira, mas, desta vez, não deu para ficar só na leitura silenciosa. Desculpe-me pelo barulho.
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Felipe,
Nada contra as teologias de vanguarda (que até onde sei, tem interesses mais do que legítimos), mas essa história de querer colocar em Cristo a roupa e apetrechos do teólogo, seja saia ou peruca, barba ou foice, soa como uma monumental piada.
Um abraço.