24.12.08

É festa

Está aqui na minha Bíblia: Jesus nasceu. Maria deu à luz. E é festa. Festa é dia santificado. Na criação, por exemplo, a gente supõe que depois de concluído todo o divino trabalho, a parte mais importante foi a comemoração, pois consta-se que fora exatamente o sétimo dia, o do descanso, o único a receber status de abençoado.

Todo nascimento é sagrado, porque significa que a humanidade não estará em extinção: uma nova mulher ou um novo homem dará seqüência à vida humana na Terra. Como qualquer pessoa portanto, aquele bebê de Nazaré emancipou-se do ventre materno para trazer esperança ao mundo. Isto vale para tudo que respira o ar que da garganta divina proveio. “Tudo que move é sagrado”, já compuseram Beto Guedes e Ronaldo Bastos. Esperar é movimentar. Esperança inclusive significa “esperar com ação” (sperare e antia).

Arrisco então: ter esperança é fazer por esperar. Ora, se toda criação “geme” na esperança de um novo amanhã libertador, como nos lembra S. Paulo (Rm 8,22), por que não haveremos nós de gemer também? Todo dia ouço um pássaro a gemer aqui, uma planta a gemer ali. Querem me dizer: “Geme tu também!” A natureza trata de fazer lá a sua festa. E nós bem que poderíamos imitá-la. Fazer nossa parte, festejando com toda criação, já seria muita coisa.

A festa precisa ser universal. Para todos e todas. Para tudo o que move. De modo que não haja lugar onde falte comemoração. A começar dos lugares mais marginalizados, habitados por seres vivos também criados, também nascidos, também gemendo, mas sem festa.

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