21.1.08

Um Natal fora de época

No último dia 10, o sol da liberdade brilhou para duas mulheres seqüestradas durante mais de cinco anos por forças insurgentes da Colômbia. Uma delas, Consuelo González, essa semana disse: “Minhas filhas não quiseram celebrar o Natal até que eu chegasse”. Hoje, em pleno mês de janeiro, onde a gente está fazendo contas para pagar as dívidas de fim de ano, ninguém está mais preocupado em celebrar o nascimento de Jesus. (“Isso é coisa de dezembro!”, alguém poderia pensar.) Mas quando os sofrimentos de um cativeiro impedem que prisioneiros e seus parentes se alegrem no dia 25 do último mês do ano, pela falta das pessoas queridas, a celebração da chegada daquele menino em Belém não tem data para acontecer.

Esse Natal fora de época pode ter muito mais significado que um Natal comum para aquela senhora de 57 anos, que além de ter ficado viúva durante o cativeiro, foi impedida de ver o casamento de suas duas filhas e o nascimento de sua neta. Ela está agora comemorando a liberdade da qual não pôde desfrutar durante 76 meses. Por isso, Consuelo declarou essas lindas palavras: “Hoje, que estou aqui, na liberdade, penso que valeram a pena todos os esforços que fiz para sobreviver, porque a felicidade hoje é infinita”. Como é bom ver a alegria das pessoas que são libertas de quaisquer que sejam os cativeiros!

É justamente este sentimento de ver as pessoas livres que enchia o coração de Jesus de contentamento. Ele sabe o que falta em cada um de nós para alcançarmos a plena libertação de tudo aquilo que possa estar nos impedindo de sermos livres. Vendo uma mulher encurvada há 18 anos, diz-lhe: “Estás livre de tua enfermidade”. (Lc 13,10-12) Ao se deparar com um surdo-mudo, fala aos seus ouvidos bem baixinho: “Abre-te”. (Mc 7,31-37) Com um cego, ele apenas faz uma pergunta libertadora: “Vês alguma coisa?” (Mc 8,22-25) Para cada pessoa, Jesus tinha uma palavra diferente. Não havia receita de bolo. Cada indivíduo é especial. A liberdade de cada um exige um tratamento diferenciado, uma palavra escolhida e burilada com carinho. E era e é essa a maior missão daquele homem pobre de Nazaré: construir um mundo melhor ajudando as pessoas a serem livres.

Jesus está se alegrando com aquelas famílias colombianas, porque há menos duas mulheres sofrendo injustamente nas mãos de gente cruel neste planeta. Podemos imaginar que como bom amigo que sempre foi dessas filhas de Eva, sua alegria é dobrada. Sentimento semelhante, imagina-se, àquele que teve com aquela mulher a quem vários homens queriam apedrejar por ter transgredido uma lei. Com seu espírito subversivo às regras, por considerar as pessoas mais importantes que um conjunto de mandamentos, ele revela o óbvio, que o nosso telhado é de vidro: “Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra”. (Jo 8,1-11) Candidatos a se retirarem não faltaram, porque quando nos sentimos iguais, sem diferenciação, nós não nos vemos no direito de tirar a liberdade dos outros.

O Natal fora de época significa a celebração desta liberdade. Que o choro do bebêzinho na manjedoura possa ecoar durante muitos meses ainda!

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8 Comentário(s):

  • At 22 de janeiro de 2008 às 03:54, Blogger ROGÉRIO B. FERREIRA said…

    Bela mensagem!

     
  • At 22 de janeiro de 2008 às 10:44, Blogger Alysson Amorim said…

    Felipe,

    Escolher uma data pro Natal foi um ato ousado demais, mas de modo algum impediu que este fato - o Natal - se contivesse naquele cantinho limitado do calendário. De modo algum... o choro de libertação continua percorrendo os trôpicos todos, as estações todas, trazendo consolo a cada homem em particular, de um modo sempre particularíssimo.

    Vida longa a este "natal fora de época".

    Aquele abraço.

     
  • At 22 de janeiro de 2008 às 23:42, Blogger Paulo Roberto said…

    Oi Felipe, tem um presente pra vc no meu blog, confere lá.
    Volto aqui depois pra comentar sobre o post.
    Abraço!

     
  • At 24 de janeiro de 2008 às 08:41, Blogger Paulo Roberto said…

    Acho que o melhor presente que Deus nos dá é a nossa Liberdade, A liberade de decidir de ir e vir...
    De ser ou não ser, de querer ou não querer.
    De pecar ou não pecar.
    NAtaL fora de época para Consuelo González muito bem comemorado,a verdade é que Deus tarda, será?
    Não tarda não e nem falha nunca, o tempo nosso não é o tempo de Deus, agora ela está com sua familia comemorando a Vida.
    Adorei o post como todos os outros.
    abraço!

     
  • At 25 de janeiro de 2008 às 08:37, Blogger Unknown said…

    Amigo Felipe, obgada plas ternas palavras, de carinho, deixadas no meu cantinho,
    retribuo sem par,
    Natal e no Coraçao do quotidiano uma bençao de harmonia.
    Doce bj de encanto e amizade,
    Sandra Ferreira,

     
  • At 27 de janeiro de 2008 às 17:47, Anonymous Anônimo said…

    Foi uma ótima saída. Espero que as divergências políticas na Colômbia (e não só lá) se resolvam. Creio no Chávez como mediador, apesar da imagem que ele tem, em certos círculos, de "militar, caudilho e ditador".

    Abraços, flores, estrelas..

     
  • At 22 de novembro de 2009 às 01:40, Anonymous Anônimo said…

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  • At 18 de janeiro de 2010 às 16:50, Anonymous Anônimo said…

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