Um Natal fora de época
Esse Natal fora de época pode ter muito mais significado que um Natal comum para aquela senhora de 57 anos, que além de ter ficado viúva durante o cativeiro, foi impedida de ver o casamento de suas duas filhas e o nascimento de sua neta. Ela está agora comemorando a liberdade da qual não pôde desfrutar durante 76 meses. Por isso, Consuelo declarou essas lindas palavras: “Hoje, que estou aqui, na liberdade, penso que valeram a pena todos os esforços que fiz para sobreviver, porque a felicidade hoje é infinita”. Como é bom ver a alegria das pessoas que são libertas de quaisquer que sejam os cativeiros!
É justamente este sentimento de ver as pessoas livres que enchia o coração de Jesus de contentamento. Ele sabe o que falta em cada um de nós para alcançarmos a plena libertação de tudo aquilo que possa estar nos impedindo de sermos livres. Vendo uma mulher encurvada há 18 anos, diz-lhe: “Estás livre de tua enfermidade”. (Lc 13,10-12) Ao se deparar com um surdo-mudo, fala aos seus ouvidos bem baixinho: “Abre-te”. (Mc 7,31-37) Com um cego, ele apenas faz uma pergunta libertadora: “Vês alguma coisa?” (Mc 8,22-25) Para cada pessoa, Jesus tinha uma palavra diferente. Não havia receita de bolo. Cada indivíduo é especial. A liberdade de cada um exige um tratamento diferenciado, uma palavra escolhida e burilada com carinho. E era e é essa a maior missão daquele homem pobre de Nazaré: construir um mundo melhor ajudando as pessoas a serem livres.
Jesus está se alegrando com aquelas famílias colombianas, porque há menos duas mulheres sofrendo injustamente nas mãos de gente cruel neste planeta. Podemos imaginar que como bom amigo que sempre foi dessas filhas de Eva, sua alegria é dobrada. Sentimento semelhante, imagina-se, àquele que teve com aquela mulher a quem vários homens queriam apedrejar por ter transgredido uma lei. Com seu espírito subversivo às regras, por considerar as pessoas mais importantes que um conjunto de mandamentos, ele revela o óbvio, que o nosso telhado é de vidro: “Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra”. (Jo 8,1-11) Candidatos a se retirarem não faltaram, porque quando nos sentimos iguais, sem diferenciação, nós não nos vemos no direito de tirar a liberdade dos outros.
O Natal fora de época significa a celebração desta liberdade. Que o choro do bebêzinho na manjedoura possa ecoar durante muitos meses ainda!
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Bela mensagem!