Defender Deus?
Marcadores: Teologia
“Transformamos a realidade de acordo com nossa forma de vê-la e vemos a realidade de acordo com nossa maneira de transformá-la.” (Paul Tillich)
Marcadores: Teologia
At 7 de janeiro de 2008 às 13:26, Alysson Amorim said…
At 7 de janeiro de 2008 às 15:34, Paulo Roberto said…
Cara, até que fim encontrei um blog interessante que fale sobre Deus, sobre religião, tô favoritando e voltando mais vezes.
Acho que até seriam inúteis nossas afirmações a fovor de Deus, mas devemos fazer nossa parte e defender sim, aquele que nós da inteligência e vida, Dons nos dado por ele.
Gostei do BLOG!
At 7 de janeiro de 2008 às 19:45, said…
At 8 de janeiro de 2008 às 19:09, Quarto do Desejo said…
Olá, Felipe! Eu fico mesmo perplexo com tamanha presunção.
E mais perplexo ainda com a simplicidade com que o próprio Jesus trata o tema glorioso em questão.
Como o Alysson apontou: "O que fizeres a um destes pequeninos, é a Mim que o fazeis".
Por que será que quem abraça a um pequenino, ao próprio Jesus abraça?!
Abraços!
At 8 de janeiro de 2008 às 19:18, Quarto do Desejo said…
Lembrei de "Teopoiesis", um poema que fiz, fruto de uma refexão dessa natureza:
Quando deixei a meninice inda garoto
Deixei pra trás minhas fantasias
Perdeu-se a poesia
Pra brincar de ser homem
Ser gente grande
Nos trilhos da teologia caminhei
Ali nada encontrei
Era fato
A suspeita de que toda aquela pretensão
De estudar Deus não passava de uma criancice
Essa tal teologia não me ensinou como se coloca
Um planeta nas palmas das mãos
E nem a medir o universo com o polegar
Coisa que fazia inda menino
Subindo no muro pra fazer bolhas de sabão
Deixando-as ao sabor do vento
E no chão
A dança dos planetas de bolinha de gude
Não há mais por quês!! Pra que?!
Basta fechar os olhos
E ver
At 9 de janeiro de 2008 às 00:15, said…
At 10 de janeiro de 2008 às 10:58, Gustavo Nagel said…
Em questões que envolvem apologética, sempre recordo de imediato as palavras de Judas: "exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos." Se isso não é um convite à defesa do que quer que seja a fé -- e, numa perspectiva minimamente cristã, Deus teria que estar no cerne dela --, não sei o que mais poderia ser.
Mas qual seria, Felipe, a melhor postura cristã diante da oposição intelectual a Deus, ou a existência de Deus, diante da inutilidade da apologética?
Abraços.
At 10 de janeiro de 2008 às 11:04, Gustavo Nagel said…
Alisson, defendê-lo "na sua encarnação" é defender a Cristo, e só. Deus encarnado é Cristo. Defender os pobres e a natureza é defender os pobres e a natureza -- os cristãos fazem questão de distinguir Deus em absoluto de todas as demais coisas, as coisas criadas. Nada próximo ao panteísmo que você sugere.
Abraços.
At 10 de janeiro de 2008 às 11:05, Gustavo Nagel said…
At 10 de janeiro de 2008 às 11:06, Gustavo Nagel said…
At 10 de janeiro de 2008 às 15:01, Felipe Fanuel said…
Grande Gustavo,
Bom vê-lo aqui novamente. Sempre trazendo observações e indagações pertinentes.
Sua pergunta merece mais do que uma simples resposta, mas quero ser breve... O que questiono é se não seria possível o próprio Deus não querer que ninguém o defenda. Se assim é, apologética seria inútil. O cristianismo cumpre seu papel de religião institucionalizada, convivendo dialeticamente com seu símbolo fundante, a encarnação de Deus. Essa será sempre sua atitude teológica: afirmar e negar ao mesmo tempo. É um paradoxo. Deus está e não está presente ao mesmo tempo. É humano e divino ao mesmo tempo. Et cetera.
Abraços fraternais.
At 10 de janeiro de 2008 às 16:49, Alysson Amorim said…
Gustavo,
Devo dizer inicialmente que visito com frequência seu Blog. Admiro sua erudição rodrigueana, embora, naturalmente, rejeite suas idéias.
Em termos de cristianismo, nossa diferença ideológica começa muito cedo, no manancial, na forma como interpretamos as Escrituras. Deste ponto, cada rio corre para seu lado e as interseções são dificílimas, de modo que estou convencido que a presente discussão beira a inutilidade - fato que, sinceramente, lamento muito.
In casu, a diferença é no modo como interpretamos a doutrina da encarnação. Entendo a encarnação de Cristo como autorizadora da encarnação de Deus sob a forma de outros símbolos naturais e históricos. Ao fazer-se homem em Jesus, desfazendo-se em sua transcendência, Deus mostra seu parentesco com o finito, dissolve-se nele. Desta forma, como diz o Felipe no post, Deus, o Totalmente Outro, "sai da jogada"; o sacrifício de Cristo é o ato final da fusão dos níveis - o sacrifício que na religião primitiva (digo-o sem aquela intenção de interpretar o cristianismo como religião verdadeira em detrimento das falsas religiões) permitia a rotura dos níveis, o acesso da Terra aos Ceús, já não é mais necessário, e por um motivo muito simples: não há mais dois níveis, não há mais o sagrado a ser alcançado por intermédio de um sacrifício. O Logos se fez carne, o Sagrado Consolador repousa em cada um de nós e convoca-nos a defender sua profanação nos "pequeninos". Senão,
"Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes."
Abraços.
At 10 de janeiro de 2008 às 19:07, Gustavo Nagel said…
O que questiono é se não seria possível o próprio Deus não querer que ninguém o defenda.
Eu não sei. Bom, eu encontro admoestações apostólicas no sentido de preservação da mensagem. Há o caso explítico de Judas, há também o conselho de Pedro, para que os crentes estejam prontos a dar razão da sua fé etc. A viabilidade dessa sua questão vai depender do grau de confiança que temos nos apóstolos. Se eles falaram por Deus e por Cristo, a igreja tem obrigação de defender a fé. Se eles foram uns quaisquer, bem intencionados, mas meros homens, falando por eles próprios, é possível então que Deus não queira que a fé seja guardada, preservada, defendida. É isso o que penso. Evidente que você sabe qual a minha posição nessa história.
Abração.
At 10 de janeiro de 2008 às 19:20, Quarto do Desejo said…
Quando nos propomos a defender a Deus de alguma proposição que contra Ele - achamos - se levanta, de que deus estamos falando?!
De um Deus pessoal com quem todo ser tem acesso através de uma experiência intransferível?!
O grande pressuposto para se construir qualquer teologia como tentativa de explicação e até mesmo de defesa da fé, não é a própria experiência com o Sagrado?!
E a experiência com o Sagrado acontece a partir de quem e de quando?!
A partir das discussões no terreno intelectual onde vence o mais forte, o mais articulado?
Volto a perguntar, de que deus mesmo estamos falando?! De Deus mesmo falamos, ou de uma idéia acerca de Deus com a qual frequentemente muita gente -e me arrisco a dizer que todos os mortais - se vê confrontada, senão obrigada a fazer uma reconfiguração de sua percepção acerca de Deus?
A mesma pergunta vale para os que articulam suas idéias contra Deus.
Os que "falam mal de Deus", de Deus mesmo falam mal, ou de uma idéia construída, patenteada, e vendida no mercado religioso. Cada um compra de acordo com conformação de sua realidade.
Acho que, tomando como exemplo o caso de um ateu ou mesmo de um cristão revoltado ( sim, aquele tipo que ficou com raiva de Deus porque sua tradição religiosa o traiu), todo homem, para falar bem ou mal de Deus, precisa experimentar esse encontro com Ele. Parece óbvio, mas não é.
O mundo está cheio de pólos indústrais, fabricantes de uma fé artificial, cuja matéria-prima é o intelecto.
E, em contra-partida, tem muita gente farta de tanto passar fome.
Acho que nossas lutas intectuais nesse campo da teologia, são mais resultado de um arranjo social, do que essencialmente uma experiência com Deus, com Sagrado, o Numinoso, Mistério...
At 10 de janeiro de 2008 às 19:32, said…
At 10 de janeiro de 2008 às 19:44, Gustavo Nagel said…
At 10 de janeiro de 2008 às 19:49, Gustavo Nagel said…
Alysson, obrigado pelas freqüentes visitas e pelas palavras. Nossas diferenças nitidamente são enormes. Mas assim também é comigo e com o Felipe. Obrigado também por explicar o modo como você compreende toda essa questão -- já que a discussão não vai pra frente, digamos assim, pelo menos a gente conhece outras idéias, e um e outro leitor acaba mais informado.
Mas isso, Alysson, (e você certamente há de me desculpar), mas essa suas idéias não são e nunca foram cristianismo. Um conceito sem o qual o cristianismo é inviável, inexplicável, é justamente a transcendência de Deus -- após a Encarnação, inclusive. (É Jesus orando ao Pai...) Não há porque ver na Encarnação o fim dela, uma vez que nós cristãos conhecemos, pela Revelação, a Trindade. Vocês não gostam de paradoxo? Deus é, em Cristo, tanto o Outro quanto o Deus-Homem.
Eu acho até que todo o Novo Testamento deixa de fazer sentido diante dessa sua compreensão: o sacrifício de Cristo é o ato final da fusão dos níveis, não acha? O Evangelho de São João, o Evangelho da Encarnação, não é, Felipe, o mais dual de todos? Concluindo, não me parece que as palavras de Cristo mencionadas por você corroborem sua compreensão. Seu comentário inicial foi essencialmente panteísta. O foco das palavras de Jesus, penso, está na prática da caridade, não na identificação da natureza dos "pequeninos" com Deus -- e olhe que a identificação, no texto, é com Cristo.
Mas é isso. Adeus.
At 11 de janeiro de 2008 às 16:11, said…
Felipe,
obrigado pelos comentários, tão amáveis, feitos ao meu texto "Razões para chorar".
Gustavo:
Júpiter, por exemplo. Shiva, Brahma, Vishnu. Como sou poeta, acredito que Deus sempre permitiu a existência desses e de outros deuses. E, como não sou Teólogo, não me sinto capaz de negar essa assertiva. Embora também respeite quem possa negá-la. Mas, basicamente, é só uma crença minha. E gosto muito de mantê-la.
Compreenda-me.
At 11 de janeiro de 2008 às 18:32, Unknown said…
Acho que ninguém aqui defende a Deus- como se Deus fosse uma donzela em apuros nas mãos de uma quadrilha de teólogos alemãos, e fosse nosso dever resgatá-lo. O que se trata é defender algumas idéias, para que as coisas não fiquem confusas ao ponto de enxergarem idéias na Bíblia que simplesmente não estão lá, e que requerem um nível máximo de sofismo, supressão de outros textos bíblicos e uma vontade absurdamente cega e determinada a fazer com que certos textos rendam certas idéias. Não estamos defendendo a Deus, estamos defendendo uma forma de interpretação bíblica que cremos que leve à verdade, e defendendo pessoas para que elas não caiam em armadilhas intelectuais. É a prerrogativa de qualquer um acreditar em Júpiter, Shiva, Vishnu, etc, e de gostar de acreditar neles. Mas também existem alguns de nós que acreditam no inferno, e por mais que odiamos essa crença, e desejamos desesperadamente que tal lugar não exista, a Bíblia não nos deixa escolha. E é para evitar que pessoas entrem num caminho que os leve pra lá, pra tentar resgata-los e ajuda-los e aponta-los para Deus- é por isso que existe a apologética. Na mente de um conservador, dizer que Deus não quer que as pessoas defendam a fé é o equivalente a dizer que Deus quer que as pessoas pereçam.
At 11 de janeiro de 2008 às 19:22, Felipe Fanuel said…
Ora, ora! Como fico feliz em ver que esse blog está sendo palco para uma discussão tão relevante. (Jamais imaginei que esse texto renderia tudo isso!) É claro que sem o Gustavo Nagel nada disso teria acontecido. Mas devo dizer que o sentimento que nesse momento enche meu coração é de felicidade mesmo. Acho que por tudo que vocês disseram aqui, sobretudo os que se envolveram diretamente no debate, devo revelar-lhes um segredo.
Essa pequena postagem foi escrita como reação a alguns textos publicados durante o fim do ano, na coluna Tendências/Debates do jornal Folha de São Paulo. Fiquei preocupado com a inclinação editorial em polemizar a discussão sobre Deus em ser a favor ou ser contra sua presença simbólica, meio indigesta, é verdade, para ambos os lados — um lado se mata para defendê-lo, o outro para matá-lo. São diferenças, mas, convenhamos, reduzir religião a uma discussão preta-ou-branca é no mínimo um absurdo. Vale ressaltar que tudo aquilo que nos toca incondicionalmente configura o campo dentro do qual a religião nasce e sobrevive. É o campo do transcendente. Toda espiritualidade nasce aí. Um debate binário não vai levar ninguém a lugar algum, pois desconsiderará um processo muito mais complexo por trás. Por isso, penso que a Folha manteve a discussão pragmaticamente em dois pólos: ou defendemos, ou atacamos Deus.
Isso aí já serve como prato cheio para os famintos entusiastas da polêmica e cada vez mais superada — por causa da pós-modernidade — polarização entre religião e ciência. Não penso que teólogos e cientistas sejam iguais a Cruzeiro e Atlético. Não! A ciência precisa do mistério (obrigado Júlio!), a partir do qual busca explicações para o inexplicável. Quando esse esforço heurístico e hipotético se calar, a religião encontrará campo fértil para mitos e cultos, por meio dos quais desenvolverá suas confissões de fé. (Se alguém se interessar mais por isso, pode conferir um artigo que escrevi, clicando em um link que coloquei no blog sob o título O cientista e a religião: refletindo sobre ciência a partir da obra literária “Frankenstein”, de Mary Shelley. Também há uma postagem em junho de 2007 — dia 16 — intitulada Ciência e religião.)
Bom, acredito que as diferenças dos leitores também estão postas sobre a mesa. Cada um que preserve a sua da melhor maneira e com o maior carinho possível. Aqui, nesse blog, há espaço tanto para os extremos como para os moderados. (É verdade, no entanto, que muita gente terá dificuldades com um lugar assim, mas, acredite, sua opinião será respeitada) Aprendi um pouco com cada comentário e pretendo lê-los várias vezes, como já fiz.
Sejam todos sempre bem-vindos!
At 12 de janeiro de 2008 às 12:06, Janete Cardoso said…
At 24 de janeiro de 2008 às 13:08, Pavarini said…
São engraçadas (pra não dizer patéticas) as tentativas de "defender" Deus diante de livros e matérias que saem por aí.
Editores da Superinteressante e da Galileu já perceberam o gosto dos evangélicos pelo "ruído" (olha o buzz mkt aê, gente). Fosse vivo, o Barão de Itararé repetiria que "o tambor faz muito barulho mas é vazio por dentro". No caso, vazios de bom senso e conteúdo na hora que entram nesse tipo de embate.
Recitar textos bíblicos a torto e a direito (mais "a torto", claro) produz, no máximo, uma onda de bocejos naqueles que não comungam de nossas crenças. Como o profeta bretão antecipou, "muito barulho por nada".
Aos recalcitrantes, uma hora de Chesterton por dia pra aprender a debater c/ humildade e brilhantura. =]
Big abraço, Fanuel.
At 8 de fevereiro de 2008 às 21:34, said…
At 22 de fevereiro de 2008 às 16:12, alealb said…
Meu Amigo,
Fico pensando que a única maneira sensata de defender Deus é defendendo-o na sua encarnação. Defendê-lo no miserável, na mulher, no gay, no pássaro e no pau-brasil. O mais é loucura.
"O que fizeres a um destes pequeninos, é a Mim que o fazeis".
Um Abração