A língua
A língua vem antes da comunicação e, por isso, carrega uma série de fatores, que se constituem como um conjunto de atitudes e sentimentos dos falantes. Estes fatores têm a ver com o ambiente cultural no qual cada pessoa está inserida. Dados como faixa etária, sexo, região e grau de escolaridade abrem um horizonte para se detectar os traços lingüísticos em uma dimensão concreta.
Existe um certo preconceito sobre a forma de falar do presidente Lula. Embora há quem diga que esse seu jeito não passe de um esforço maquiavélico para vender a imagem de alguém que fala uma língua mais popular para continuar ganhando o prestígio das massas, o atual homem mais importante do Brasil é fruto de um ambiente sociolingüístico, moldado por uma maneira de se falar bem diferente daquela que ensina o professor Pasquale. Julgar o presidente apenas pela forma que ele utiliza o português no seu discurso é corroborar a tese de que aquele pequeno órgão dentro de nossa boca possui um capital cultural muito alto. Afinal, quer presunção maior do que falar melhor que o presidente?
Em seu quinto ano de governo, dizem as “más línguas”, o líder da República já deveria ter aprendido uma língua de presidente — norma culta, é claro — ao invés de insistir em “falar errado”. No entanto, definitivamente, depois de Lula, língua nesta terra de novelas nem sempre vai ter a ver com a posição social que uma pessoa ocupa, pois o presidente não quer a língua de seu status. Prefere, antes, manter seu comportamento a partir dos ditames ou costumes assimilados na sua história de vida, em âmbito social, educacional e cultural.
Marcadores: Lingüística, Sociedade
Ele passou a vida toda sem se preocupar com isso, por que deveria agora? Duvido.