10.2.07

Uma lição feminina

Cântico dos Cânticos é um livro sagrado que relata a luta de uma mulher contra um sistema vigente, de considerar uma criação de Deus do sexo feminino apenas como uma outra no harém de satisfação dos homens. O conflito entre poligamia e monogamia é encarado certamente por uma autora, que possivelmente redigiu o núcleo da obra, a saber, cinco poemas e mais o prólogo e o epílogo, comunicando uma única história, cuja autoria da versão final a tradição cultural atribuiu a Salomão.

É uma das únicas partes da Bíblia onde os traços femininos são visíveis na escrita. Quanta coragem uma mulher foi capaz de ter ao expressar, na esteira da sabedoria hebraica, tamanha profundidade de realismo diante da vida! Nenhuma outra composição bíblica ganhou tanto destaque, polêmica e extrema admiração como essa — sobretudo por causa de sua linguagem sensual e erótica — a ponto de um rabino afirmar que “o mundo todo não é tão valioso como o dia em que o Cântico dos Cânticos foi dado a Israel; porque todos os escritos são santos, mas o Cântico dos Cânticos é o Santo dos Santos”.

Não seria errado dizer que as primitivas militâncias em prol da causa monogâmica tiveram origem em mulheres, como esta autora, comprometidas com um amor autodoador, capaz de amar apesar de. Que lição nos legou esta mulher! Sua coragem fez preservar um dos ideais mais pregados na humanidade de amar as pessoas incondicionalmente. Tal mensagem ecoou nas célebres palavras do mestre Jesus, “amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39), como condição necessária para amar a Deus.

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12 Comentário(s):

  • At 10 de fevereiro de 2007 às 19:05, Blogger Tamara Queiroz said…

    "O amor é lealdade, o amor respeita a dignididade e a individualidade."

    Vince Lombardi


    Realmente é difícil tentar entender o que Jesus queria dizer, volta e meia ele continua voltando à palavra amor. Disse para "amar o próximo" e ainda insistia para que amássemos "nossos inimigos". Como podia ordenar que as pessoas fabricasse uma emoção como o amor? Porém, o amor é mesmo multifacetado, este fenômeno tem inúmeras definições. E o mias bonito é o amor incondicional (agapé!), do tipo "você não me dá nada em troca e eu faço o bem a você".

    Enfim, "o amor é o que o amor faz".

    B-joletas, Fanuel.

     
  • At 10 de fevereiro de 2007 às 21:28, Blogger Unknown said…

    Ola! Venho agradecer a visita. Voltarei com o aroma da flor de laranjeira, bjinho,

     
  • At 11 de fevereiro de 2007 às 11:13, Blogger 123 said…

    ola, sou o filho da elsa nyny,
    gostei do teu blog, também queres ser meu amigo?
    fica bem

     
  • At 11 de fevereiro de 2007 às 11:17, Anonymous Anônimo said…

    Felipe,

    Houve épocas que eu me afastava da Mitologia "Cristã", por princípio. Agora, não. Vejo-a como uma outra qualquer, respeitável enquanto tal, e belíssima e certas passagens. Não tanto quanto a grega, é claro.

    Mas, da Bíblia (desta versão editada no Concílio de Nicéia) eu adoro o Cântico dos Cânticos e o Sermão da Montanha.

    E também gosto muito do Evangelho de Tome (se puder, leia o texto do Osho a respeito).

    Enfim, vim te ler de novo e me encanto com o que você escreve!

    Ah, gostei do teu comentário ao meu post sobre infidelidade x impotência sexual.

    Abraços, flores, estrelas...

     
  • At 11 de fevereiro de 2007 às 13:27, Blogger david santos said…

    Olá, Filipe!
    Teologia é o meu forte, sabias?
    Parabéns pelo texto
    Bom fim-de-semana

     
  • At 11 de fevereiro de 2007 às 13:42, Blogger Elsa Sequeira said…

    Olá Felipe!!!

    Adorei a tua "Lição feminina", fruto do amor, sim amar(incondiconalmente) é o mais importante!

    Beijinhos!!

    :))

     
  • At 11 de fevereiro de 2007 às 14:14, Blogger Alysson Amorim said…

    Camarada,

    Gostei do post. Você tem me atribuído a tarefa de reler com urgência o Cântico dos Cânticos e encontrar ali essa voz feminina e libertária. E libertária, talvez, porque feminina.

    Uma mulher antecipando em seus versos a mensagem libertadora de Cristo. Maravilhoso!

    Abraços.

    Alysson Amorim

     
  • At 12 de fevereiro de 2007 às 00:19, Anonymous Anônimo said…

    E aê Felipe
    Obrigado pela visita.

    Realmente a Sunamita foi muita corajosa ao expressar abertamente seus sentimentos no Cânticos dos Cânticos. Ela não teve medo de tomar posse da liberdade de ser mulher e de expressar isso de uma forma explícita.
    Muito bom o post.

    Um abraço

     
  • At 12 de fevereiro de 2007 às 08:36, Blogger Fallen Angel said…

    Não te ofendas com a minha opinião, Felipe, mas creio que o Cântico dos cânticos é o Kamasutra biblico...

    Um abraço.

     
  • At 13 de fevereiro de 2007 às 14:52, Blogger Marlene Maravilha said…

    Muito bom post meu irmão!
    Deus e abençoe!
    Abraços

     
  • At 13 de fevereiro de 2007 às 18:47, Blogger Felipe Fanuel said…

    Tamara,
    Entendo. Cada vez mais, estou convencido de que “amar apesar de” é menos um mero esforço humano do que algo que brota espontaneamente em cada pessoa. Afinal, amar por obrigação não pode ser amar.

    Obrigado pelas b-joletas! :-)


    Papoila,
    Gostei bastante do teu blog.

    Seja sempre bem-vinda com seus aromas! :-D


    Oi Tiago,
    Que prazer conhecer-te!
    Óbvio que quero ser teu amigo.
    Já visitei teu blog e achei muito interessante.
    Uma hora passo lá com tempo.

    Um abraço, amiguinho! :-)


    Edson,
    Vc tem bom gosto em apreciar o Cântico e o Sermão da Montanha. São, de fato, uma das preciosidades contidas nas Escrituras. Já li o Evangelho de Tomé e agradeço pela sugestão de leitura do texto do Osho. Considero a mitologia grega um verdadeiro patrimônio da humanidade que, à guisa de seu gênero, merece eternas leituras.
    É sempre um prazer passar lá no MUDE, ler e comentar seus excelentes posts.

    Um forte abraço.


    Caro Daniel,
    Que bom ver-te cá novamente!
    Que bom saber que partilhamos do mesmo campo do conhecimento!
    Vamos trocar idéias.

    Grato pela visita.
    Fica na paz.


    Elsa,
    Ótimo destaque!
    Bjos.

    P.S.: Mãe e filho comentando no mesmo post... Que bonitinho!


    Alysson,
    É isso aí amigão!
    O grito libertário feminino ainda continua muito vivo...
    E haja vozes!
    Abração.


    Valmir,
    Agradeço-lhe pela contribuição.
    Creio que por trás desta falta de medo há um desespero inerente de qualquer pessoa que se veja inserida dentro de um contexto que sufoca seus ideais. Ela foi mais que Dom Quixote ao escrever tudo aquilo no Cântico.

    Abraço.


    Fallen,
    Imagina. Claro que não me ofendo.
    É justamente por nenhuma outra composição bíblica ter ganhado tanto destaque, polêmica e extrema admiração como o Cântico, que sua linguagem sensual e erótica se assemelha até ao Kama sutra, como preferiste comparar. Embora não haja nenhuma evidência de que os antigos utilizavam este livro sacro com o mesmo fim que os hindus faziam uso do Livro do Amor, i.e. como guia na elevação espiritual do homem, vale dizer que os judeus não podiam ler o Cântico antes da maioridade.

    Obrigado pelo comentário.
    Forte abraço.


    Querida irmã Marlene,
    Bom contar com sua presença.
    Muito obrigado. “O senhor é a nossa força”!
    Abraços fraternais. :-)

     
  • At 15 de fevereiro de 2007 às 12:55, Blogger Marlene Maravilha said…

    Passei para deixar o meu abraço!

     

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