13.1.07

A educação brasileira e os mesmos problemas de sempre

A visão de uma sociedade meramente capitalista gera na administração do país uma dependência do sistema em todos os níveis. Depender de uma estrutura frágil como é o capitalismo envolve todos os setores da sociedade em um ciclo vicioso, de cada vez mais pobreza para os mais pobres e riqueza para os mais ricos. Este fato coloca a economia como elemento mais importante na vivência humana, forjando uma colônia global, onde convivem dominadores e dominados, sustentando um gigante projeto suicida de um império baseado exclusivamente no capital. Todas as relações humanas estão destinadas a este fim, sobretudo, quando se observa em nações pobres como o Brasil, que possuem imensos problemas sociais, frutos do descaso e ambição dos países que se encontram no topo da pirâmide.

Embora este imperialismo capitalista pregue um ideal de uma sociedade globalizada, é visível que o nível de desigualdade torna-se superior ao desenvolvimento. Há pessoas vivendo na miséria, sofrendo com saúde precária, educação carente, desemprego, violência, enfim, há uma extensa lista de problemas públicos que neutralizam o desenvolvimento geral da população. O pior é que ninguém – governo algum – dá verdadeira atenção a esses problemas, quando alguns dão, viram apenas projetos no papel.

Quando se olha para a história brasileira, enxerga-se que estes problemas perduram dos tempos antigos até hoje, porém ainda não se trabalhou para se criar soluções, ao contrário, têm-se deixado crescer e gerar outros problemas para os tempos vindouros. Exemplo disso são as políticas públicas que não viabilizaram a integração do ex-escravo na sociedade, na época da transição para o Brasil República. Hoje se ignora da mesma forma essas políticas, quando continua a haver um crescente grupo excluído da sociedade, que tem gerado outros graves problemas, como o aumento da violência e do tráfico de drogas.

As instituições financeiras externas não foram feitas para pensar em ações sociais, antes, seu objetivo sempre foi financiar o projeto do capitalismo em volta do mundo. Tal empreendimento tem tido sucesso no Brasil, ao retirar dinheiro valioso recolhido de altos impostos de cidadãos trabalhadores que não são providos de assistência do governo em assuntos básicos como a educação. Em outras palavras, os imperialistas do capital querem obter o dinheiro que seria gasto na melhoria e manutenção do ensino de vários estudantes brasileiros. Certamente, este tipo de política fomenta hipocrisia, que é a raiz da corrupção. Não é à toa que quanto mais as exportações crescem no Brasil, menos se vê a cor do dinheiro. O vazamento monetário é patrocinado por uma atmosfera de conformismo ditada pela ordem econômica mundial, para cujo sustento o país tem obrigação de servir através de seus recursos.

Todos se prejudicam consciente ou inconscientemente neste processo, mas quem mais perde são os entusiastas de um projeto educacional que contemple mudanças nesta realidade, pois precisam amargar a sensação de que dificilmente algo irá mudar. As ações práticas acabam se tornando meros atos de militância ou jogos de marketing de grandes empresas que se gabam de ter “responsabilidade social”. Entretanto, o tempo presente não é só desilusão, há possibilidades. Uma dessas é também característica dos tempos atuais: o posicionamento crítico. Embora não sejamos acostumados a nos posicionar criticamente diante das situações, há uma certa abertura para isso, principalmente no meio acadêmico. Expandindo-se o diálogo com a população, através até mesmo do contato diário da profissão, poderá, em longo prazo, contribuir para pelo menos modificar a forma como olhamos para a sociedade, evitando a aceitação de imposições vindas de quem só quer nos dominar. Quem sabe aconteça alguma coisa?

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9 Comentário(s):

  • At 14 de janeiro de 2007 às 18:17, Anonymous Anônimo said…

    Grande Felipe!
    Gostei de q escreveu sobre educação. Muito legal. Tu vai no ponto qnd se refere a empresas responsáveis... claro (!) facilmente nesse ponto podemos nos remeter ao programa levado, por exemplo, pelas "Instituições Globo", o chamado "Amigo da Escola". O programa esse que se abriga na atuação de voluntários para substitui professores, educadores, diretores, faxineiros... no seu ímpeto buscam cada vez mais tomar o já mínimo papel do estado na sociedade... e pior, utilizando esses voluntários desestabilizam a mólgama crítica da formação da nossa gente.
    dias péssimos estamos vivendo. que deus nos escute e nos veja!
    felicidades, meu irmão.
    fabio py

     
  • At 14 de janeiro de 2007 às 18:25, Blogger Felipe Fanuel said…

    Caro Py,
    Valeu pela visita ao blog e pela contribuição.
    Eu entendo que há mto por se fazer para a educação, mas é verdade que certos esforços têm prejudicado mais do que ajudado.
    Tomara que não falte quem sonhe com dias melhores para o ensino no nosso país!
    Forte abraço.

     
  • At 15 de janeiro de 2007 às 10:02, Blogger Alysson Amorim said…

    Camarada. Tocou no ponto chave do gravíssimo problema social do país. Educação por aqui é um desafio enorme, pois até hoje fomos incapazes de dar o primeiro passo, o mais básico deles: conscientizar o povo que escola é melhor que esmola, que mega-sena e uma carreira brilhante de jogador de futebol são ilusões, e que Deus não vai fazer descer dos céus caminhões de ouro para seus filhos amados.

    Amizade eterna, grande Felipe!

    Abraços.

     
  • At 15 de janeiro de 2007 às 19:35, Blogger Felipe Fanuel said…

    Eh, Alysson. Realmente essa conscientização é uma ilusão. Fica difícil não acreditar que Marx estava certo quando se mostrava cético quanto à capacidade da educação promover por si mesma a transformação social. Entusiastas, como Durkheim, fizeram-nos acreditar que o mundo será melhor quando a educação chegar a todos. O problema é que o ensino passado é oriundo de uma classe detentora do poder. A rigor, escola seria um aparelho ideológico do estado. Por isso, Marx só via como caminho possível para transformar a sociedade uma revolução proletária que propusesse uma visão no coletivo, ou seja, mudança da maneira de enxergar o mundo. Por mais lógica que se pareça, essa idéia é tão utópica quanto a de que vai cair ouro do céu. Afinal, sabemos que o mundo pode mudar, bem como sabemos que o mundo não vai mudar. Dura realidade.
    Abração.

     
  • At 16 de janeiro de 2007 às 10:15, Blogger Alysson Amorim said…

    É duro constatar que também a revolução proposta por Marx não passa de uma grande utopia. Uma teoria que nunca terá lugar na prática, senão absurdamente distorcida - como foi prova aquele sangrento século XX.

    Sou um entusiasta da obra Marx. Sem dúvidas, um dos pensadores mais lúcidos e humanos da modernidade. Mas acredito que em muitos aspectos Marx está ultrapassado, incluindo aqui aquela noção ortodoxa de infraestrutura e superestrutura. Nestes termos, a educação seria apenas mais um "aparelho ideológico do estado".

    Penso que precisamos, com Paulo Freire, superar este aspecto vetusto do marxismo (i.e., fazer uma releitura do marxismo ortodoxo) e passar a acreditar no papel emancipador da educação.

    Como fazer isto neste quadra da nossa história, com a educação pública vivendo de migalhas e o "mercado educacional" nadando em rios de dinheiro... eis uma pergunta cruel.

    O que não podemos é acreditar no fim da história e da luta.

    Abração!

     
  • At 16 de janeiro de 2007 às 16:16, Blogger Felipe Fanuel said…

    Vc está certo, Alysson. Eu não deixo de acreditar no fim da luta. Tento, no entanto, ser realista ao constatar que a realidade é cruel. É um meio termo, é verdade, porém não posso fechar meus olhos para o óbvio. Quantos Paulo Freire's serão necessários ainda para mudar a educação brasileira? O problema é que o fantasma marxiano sempre vai dizer que isso é um problema das estruturas sociais. Enquanto não mudarem, não haverá esperança entre a aurora e o crepúsculo. Sinceramente, eu acredito nele — de maneira bastante indignada. Pode ter certeza.

     
  • At 18 de janeiro de 2007 às 10:53, Blogger Alysson Amorim said…

    É camarada. É uma situação delicadíssima, como são quase todas as questões humanas. Esse mundo repleto de labirintos confunde a nós todos. Qualquer solução vinda do homem só pode ser mesmo precária.

     
  • At 25 de janeiro de 2007 às 02:16, Blogger Carmen said…

    Primeiro quero agradecer pela sua visíta .Mais em se tratando de educação como outras coisas mais estão deixando muito a desejar,pois quem pode consegue ser alguem e quem não pode ver seus sonhos indo embora. Concordo com vc isto é como meu protesto, estudo para,todos e igualdade tb!Bjs de CARMEN!!!!

     
  • At 26 de janeiro de 2007 às 14:41, Blogger Felipe Fanuel said…

    Alysson,
    Será que vamos ter de voltar a olhar para o alto?


    Olá Carmen,
    Obrigado pela contribuição.
    Educação é uma luta de todos!
    Sempre que quiser, deixe seus comentários.

     

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