15.2.10

O belo e o sublime: benditos sejam!

Sol. Manhã. Dia. Tudo o que vejo não vejo por completo. Se considero minha visão bela, limito aquilo que se apresenta ilimitado, por ser sublime. Tal instinto de limitação, todavia, faz parte de minha própria condição humana. Afinal, tudo o que tenho é a razão, sendo que por ela, tudo o que posso fazer é limitar.

E limito quando busco equilíbrio, harmonia e simetria, embelezando fragmentos. O sublime só posso ver com olhos humanos, demasiadamente humanos, tornando-o belo. Ah! Como queria ter visto a aurora com os olhos de aurora, no lugar destes meus parcos olhos! Mas a mim não está permitido o acesso ao sublime. Isto porque sou carne e osso. Imanente, não faço parte de seu reino transcendente.

Pobre e pequeno mundo humano. Ainda bem que somos salvos pela qualidade da beleza. Só mesmo o artifício para nos fazer sentir o gostinho da grandeza de tal sublimidade. Por meio da arte, encontramos unidade para um mundo fragmentado.

Com isso, resta-me entregar, desinteressadamente, àquilo que apela para o campo do suprasensível, onde basta a mais simples de todas as coisas para me mostrar o quão imensurável é tudo o que e para além do que podemos ver e ouvir. Sinto-me assim um aprendiz da arte, por meio da qual meus olhos veem e meus ouvidos ouvem o que, de outra forma, não veriam ou ouviriam. Bendito seja o belo! Bendito seja o sublime!


Marcadores: