Solo Sagrado
O lugar é sagrado porque reverencia o cuidado com a primeira revelação do Criador para fora de si, a natureza. Busca-se incentivar o uso de alimentos sem agrotóxicos, a não-agressão ao meio ambiente, bem como a reposição e a preservação de áreas verdes. Ecologia? Mais que isso. Fazer muito com pouco. O simples fato de existir um reduto de resistência à crescente poluição da metrópole já é motivo para se identificar uma das mais sagradas e necessárias mensagens inter-religiosas: mais ações que discursos.
Essa práxis simples, essencial e admirável é recheada por uma espiritualidade de reverência aos que já não estão mais entre nós. Aos antepassados não é relegada a amnésia dos vivos, pelo contrário, eles são lembrados o tempo todo. A Deus está dedicada uma grande torre, que, a propósito, está a apenas um metro do maior prédio da capital paulista, mas não é ali que ele mora. Ele está em todos os lugares, acreditam. O altar é mais por causa das pessoas do que dele.
Eis o segredo: o que aquela terra tem de sagrada é mais em virtude de quem cultua do que de quem é cultuado. Em outras palavras, solos sagrados fazem muito bem a homens e mulheres, principalmente quando lá se tem muito verde, muita água e muita gente com a consciência de que se nós não cuidarmos da natureza não vai adiantar sonhar com paraíso para os nossos netos e netas.
Amigo,
Um mar verde cravado no tecido cinza e barulhento de São Paulo é sem dúvidas um corajoso ato de resistência. É o que penso - a as realidades são bem diferentes - sobre o Parque Municipal em Belo Horizonte. Estamos na movimentada Av. Afonso Pena e não precisamos de muitos segundos para atravessar o portão e adentrar um paraíso verde: com macacos nas árvores e peixes nas águas. Ontem mesmo, esperando um evento que iria acontecer na sede da Prefeitura (ali, na Afonso Pena), entrei no Parque e ali fiquei alguns minutos, aos sons de pássaros e as letras de Faulkner. Eis o Reino de Deus.
Abração.