A substância católica e o princípio protestante
Tillich, no entanto, alerta para o risco de uma destas religiões se pretender como única detentora da revelação, que seria primordialmente universal e natural. Neste caso, o princípio protestante é fundamental no desenvolvimento do diálogo inter-religioso, principalmente por representar um valor iconoclasta de combater qualquer ameaça de idolatria entre as religiões. Nenhuma fé deveria ter o direito de excluir ou desconsiderar as outras manifestações religiosas, já que são congêneres e possuem o mesmo nascedouro existencial. O papel do princípio protestante é evitar a pretensão de cadeiras mais altas em uma mesa ecumênica, cujos membros precisam também praticar o espírito crítico dentro de seus respectivos âmbitos. Qualquer elevação de um aspecto da religião a um patamar de particularidade deve ser compreendida como um perigo idólatra. Por isso, deve ser um princípio protestar contra qualquer risco de uma exacerbação da substância católica — razão pela qual é protestante —, bem como de uma não consideração desta substância em decorrência da incapacidade de uma religião reconhecer como universais todas as outras religiões.
A rigor, levados até às últimas conseqüências, a substância católica e o princípio protestante não devem ser vistos como conceitos isolados, mormente por serem interdependentes. De um lado, a substância católica ao extremo poderia resultar em campo fértil para uma inevitável idolatria universal, onde todas as religiões poderiam ser entendidas como essencialmente corretas somente pelo fato de serem expressões de fé, gerando uma falta de crítica entre elas. De outro lado, o princípio protestante assumido única e radicalmente destrói toda propensão humana ao fenômeno religioso, levando conseqüentemente a um mero ateísmo ou frio moralismo. Por esta razão, a substância católica e o princípio protestante necessitam ser entendidos e praticados, no âmbito do encontro das religiões, em uma relação de interdependência. A conjunção “e” não deve ser abandonada, por ser o representante semântico dessa necessidade de coexistência de ambos os conceitos.
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Felipe,
Gostei do teu comentário sobre meu texto de hoje. Mas, lembre-se, é apenas um texto curto e necessariamente provocador. Para um blog. Não é uma tese.
Aliás, estou solteiro, mas adoro ficar casado: já me casei cinco ou seis vezes. E sou amigo de TODAS as minhas ex-mulheres. Porque sempre houve respeito entre nós.
E liberdade, é claro!
Depois retorno patra ler teu texto.
Abraços, flores, estrelas..