18.2.07

Os quatro ídolos

O filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626) — ou “Chico Toucinho”, como alguém já disse — observou quatro obstáculos que nos impedem de conhecer a realidade. Esses “ídolos”, conforme Bacon denomina, estariam firmemente enraizados em nossa mente, sendo preciso cautela e inabalável vontade para se libertar deles. Vejamos quem são os dito-cujos:

• Ídolo da tribo: São nossas próprias condições antropológicas. Ou seja, somos limitados, primeiramente, porque somos humanos.

• Ídolo da caverna: São nossos requisitos fisiológicos e psicológicos, com os quais nascemos, isto é, as condições, ou biográficas ou sociais, nas quais crescemos. Seriam as limitações pessoais peculiares a cada um de nós.

• Ídolo do mercado: É o mau uso de construções lingüísticas, frases, designações, particularmente no nível da fala cotidiana. Sim! As palavras podem violar o intelecto, perturbando-nos e seduzindo-nos a várias desavenças.

• Ídolo do teatro: São os princípios e teoremas que ganharam validade por tradição, credulidade e negligência, mas são conceitos incorretos que mantêm autoridade apenas por terem infiltrado na mente humana. Acaba sendo um abuso autoritário.

Pois bem, agora é só começar o iconoclastismo!

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16 Comentário(s):

  • At 18 de fevereiro de 2007 às 21:00, Blogger Elsa Sequeira said…

    Felipe!!!

    Mais uma vez parabéns!!
    os idolos estão brilhantemente descritos!
    E sim!! Vamo-nos libertar, ou pelo menos tentar!!

    Muita força pa ti!

    beijinhos!
    :)

     
  • At 18 de fevereiro de 2007 às 21:12, Blogger Felipe Fanuel said…

    Obrigado, Elsa!

    Sempre trazes doces palavras...

    Excelente semana para ti!
    Sim, muita força pra gente.

    Bjos.

     
  • At 19 de fevereiro de 2007 às 12:36, Blogger Etienne said…

    Eu não iconoclasta, Felipe. E ainda me recordo de uma frase esbatida pelo tempo mas plena de sentido:

    - Não idolatrareis falsos idolos!

    É plena de sentido mas infelizmente nem sempre a cumpro...

    Não sendo iconoclasta há sempre uma ídala perdida que convém adorar e idolatrar..

    ( Já disse disparate, eu sei..)

    Grande abraço, Felipe. :-)

     
  • At 19 de fevereiro de 2007 às 12:44, Blogger david santos said…

    Olá!
    Libertar, libertar, calma!
    Ninguém espere uma libertação sem esforço. Sem esforço tem andado a humanidade e, embora tenha feito coisas boas, as más estão bem patentes. Vamos, sempre que possamos, cada um fazer o seu trabalho. Quem não fizer a parte que lhe cabe, não só fica pelo caminho, como ajuda a entravar o processo, tornando-o mais demotado. Quanto aos ídolos, totalmente de acordo. Sem idolatração, claro está!
    Em frente, olhar, mas ver!

     
  • At 19 de fevereiro de 2007 às 12:54, Blogger Felipe Fanuel said…

    Caro Voyeur,

    Quanta honra receber-te aqui! Obrigado pela visita.

    Na verdade, há uma incapacidade humana de conviver sem ídolos. A prática da iconoclastia, no entanto, tem seu nascedouro na noção de julgamento dos próprios ídolos, isto é, se são verdadeiros ou falsos — como tu apontaste. Portanto, para mim, tu tens um pouco de iconoclasta ao selecionar teus ídolos, pois aplicas um julgamento crítico a eles, antes de venerá-los.

    Imagina. Aqui é uma casa de disparates, que, a propósito, não é o que qualifica tua fala muito bem articulada e com um humor inerente.

    Abraços para ti. Sinta-se em casa! ;-)

     
  • At 19 de fevereiro de 2007 às 13:09, Blogger Felipe Fanuel said…

    Prezado David,

    Tens razão, mas creio que o ideal libertário nunca deve se afastar da consciência humana. Além do mais, essa ética do trabalho e do dever pode cegar-nos para ver que nem tudo depende de esforço, pois somos filhos de um contexto histórico-social que forma nossa mente. É justamente desse ambiente que surgem ídolos os quais nos impedem de conhecer a realidade. Deles precisamos, sim, nos libertar.

    Forte abraço. Aparece sempre! ;-)

     
  • At 19 de fevereiro de 2007 às 13:37, Blogger david santos said…

    Felipe! Há coisas que nos acontecem que, ainda que queiramos contrariar, são milagres! Daniel é o meu neto, de 9 anos, e estava a pensar nele quando vi o teu comentário. É ele quem me desenrasca quando estou atrapalhado cá com as novas tecnologias. O que te havia de ocorrer daí de tão longe, o nome do meu neto!
    Abraços.

     
  • At 19 de fevereiro de 2007 às 16:05, Blogger Marlene Maravilha said…

    Que possamos nos esforçar para sempre optar pelo que podemos fazer para melhorar!
    Beijo

     
  • At 19 de fevereiro de 2007 às 17:39, Blogger Alysson Amorim said…

    Felipe,

    Se por um lado seu texto acordou a minha alma ociosa e me inspirou a tomar logo umas pedras e destruir todos estes ídolos, por outro revelou como é confortável o travesseiro da subservivência.

    Êta empresa complicada esta que você e seu amigo Chico Toucinho nos propõe. Dá um certo desânimo, tenho que confessar...

    Abs.

     
  • At 19 de fevereiro de 2007 às 20:13, Blogger Felipe Fanuel said…

    David,
    Realmente não há explicação para muita coisa nessa vida.
    Abração!

    Ei, Marlene!
    Muito bom vê-la aqui. Concordo. Há sempre algo a se fazer.

    Alysson, meu caro!
    Olha só o que que eu fui inventar! (hahaha) Fui seguir o mister torresmo acabei me esquecendo do outro lado da história. Ainda bem que eu tenho um amigo perspicaz para me lembrar que o "princípio protestante" não é nada sem a "substância católica", como dizia o Paul Tillich. Ou, nos seus termos, tacar pedras nos ídolos não é tudo quando se há um travesseiro bem macio te esperando... Acho que já discuti isso alhures... Deve ter sido num blog de algum amigo... Será quem? (rsrs)

     
  • At 19 de fevereiro de 2007 às 22:27, Blogger Alysson Amorim said…

    Pois é Felipe.

    Frita logo esse torresmo, prepara uma roda de samba e vamos nos acomodar no nosso travesseiro da subservivência. Pelo menos até quarta-feira! Felicidade tem fim... heuehuehue

    Brincadeira. O Toucinho tem razão: ao iconoclastismo.

    Abraços.

     
  • At 20 de fevereiro de 2007 às 10:40, Blogger Elsa Sequeira said…

    felipe!!!

    tens um desafio para ti no - eu estou aki - !!! Espero que aceites!!!

    beijinhos!!!

     
  • At 20 de fevereiro de 2007 às 10:48, Blogger Deepak Gopi said…

    Hi
    thank you for visiting my blog.
    nice to meet you.
    I triedto read your page through alta vista ,but it is not getting properly loaded.I will try tomorow.
    good day :):)

     
  • At 20 de fevereiro de 2007 às 12:52, Blogger Felipe Fanuel said…

    Alysson,
    Vc lembrou bem: "Tristeza não tem fim/Felicidade sim". Estamos vivendo na prática este realismo constatado por Tom Jobim e Vinícius de Moraes... Não sei se essa proposta é a única cura, mas, por via das dúvidas, é melhor ir catando as pedrinhas. (rsrsrs)


    Elsa,
    Ainda não vi o desafio, mas passarei lá agora para ver... Dificilmente vou rejeitar, pq tenho a doença de perseguir desafios. (ahahah)


    Deepak,
    Hi there!
    Good to see you here. Yes, when you get your translation, please, write your opinion... It'll be a pleasure to hear it!

    Anyway, I'm talking about the theory of "idols", from the English philosopher Francis Bacon. He talks about four kind of idols which are barriers in our minds that distort the reality, namely:

    • Idols of the tribe: which are common to the race;

    • Idols of the Den: which are peculiar to the individual;

    • Idols of the Marketplace: coming from the misuse of language;

    • Idols of the Theatre: which result from an abuse of authority.

    So, my proposal is that, now, it’s time to begin the iconoclasm.

    Have a good day too! :-)

     
  • At 20 de fevereiro de 2007 às 20:55, Blogger Tamara Queiroz said…

    São ídolos que nos impedem de sermos autênticos e inovadores.

    .......
    Incoscientemente, fui iconoclasta quando optei por não seguir religião alguma; aqui em casa, todos freqüentam uma igreja. Mas não sou atéia.

    Já o que Bacon declara sobre desconfiarmos de tudo o que produz em nós um ponto de vista satisfatório (ídolo da caverna!) é um treino que precisa ser feito diariamente. É como reaprender a respirar certo: sabemos a "técnica", entretanto, por anos respirando artificialmente vira e mexe respiraremos pela boca (rs).

     
  • At 21 de fevereiro de 2007 às 08:52, Blogger Felipe Fanuel said…

    Tamara,
    Vivemos um tempo onde todos nós acabamos tendo um pouco de atitude iconoclasta em relação à religião. Esta é uma tendência observável no mais fiel dos fiéis. Uma vez que atiramos a primeira pedrinha no vidro da religião institucionalizada, continuaremos a fazê-lo, consciente ou inconscientemente, durante muito tempo... Pelo menos, já se passaram cinco séculos em que repetimos este ato.

    Sim, não é fácil se libertar daquilo que nos persegue desde quando colocamos nossa cabecinha para fora do ventre de nossas mães. Confesso que não consigo usar minhas narinas para outra coisa além de cheirar. hahaha

     

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