12.7.09

Futuro sombrio

A Folha de S. Paulo destacou na capa da edição de hoje do seu caderno cultural mais! os 500 anos do reformador da igreja cristã João Calvino (1509-1564). Curiosamente, o texto especial, “Calvino, 500”, diagramado em duas páginas, fora escrito por um sociólogo, Antônio Flávio Pierucci, chefe do departamento de sociologia da Universidade de São Paulo — aquele mesmo que se dedica a estudar o pensamento de Max Weber (1864-1920). Sem mencionar que o caderno ainda trouxe um artigo de uma página sobre o “anticalvinismo” das igrejas evangélicas brasileiras, assinado por uma antropóloga.

Este fato nos mostra que os teólogos protestantes cada vez mais perdem sua relevância social no Brasil — se é que algum dia a tiveram. Afinal, não são confiáveis nem mesmo para falar de sua própria tradição.

Justamente nesta semana um conhecido me pediu informações sobre como entrar no curso de teologia onde leciono ética, sociologia e filosofia da religião. Devo admitir, porém, a ressalva: a alguém que se forma em teologia está reservado um futuro profissional bastante sombrio.


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9.7.09

Explicações

Assim como um muçulmano hoje em dia precisa explicar que não é terrorista. Assim como um judeu precisa explicar que não apóia a guerra contra os palestinos na Terra Santa. Assim como um católico precisa explicar que não segue à risca as recomendações do Vaticano quanto ao uso de preservativos. Assim como um candomblezeiro ou umbandista precisa explicar que não quer fazer mal a ninguém. Assim também eu, protestante, preciso gastar tempo explicando que não sou, em ordem alfabética, conservador, fundamentalista, moralista ou proselitista.


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